A licitação para aquisição de dois jatos comerciais Airbus A330-200 lançada pela Força Aérea Brasileira (FAB) em janeiro teve a sessão de recebimento de propostas realizada na segunda-feira, 7 de março, como mostrou o site em primeira mão. Mas uma semana depois, a Comissão Aeronáutica Brasileira, responsável pela concorrência, ainda não divulgou seu resultado ou detalhes seguintes sobre o processo.
Apenas a Azul S.A., controladora da companhia aérea Azul, entregou uma proposta de venda de dois widebodies, necessários para o programa KC-X3, que prevê sua conversão para o padrão MRTT, de reabastecimento aéreo e transporte militar, fornecido pela Airbus.
Pouco depois de realizar o evento de entrega de propostas, a FAB divulgou a ata da reunião, informando que na quarta-feira, 09 de março, ocorreria uma segunda sessão “para anunciar os resultados do estágio de revisão dos documentos de qualificação e, possivelmente, para realizar a abertura e avaliação das propostas de preço submetidas”, diz o texto, em inglês.
No entanto, pouco tempo depois de o conteúdo da ata ser motivo de reportagem de Airway, o documento teve o link apagado do site da FAB. Nenhuma atualização havia sido feita na página desde o dia 8 de março, embora mais de 2 mil visitam tenham sido realizadas, conforme registro do próprio site nesta segunda-feira.
Airway tentou contato com a assessoria da Aeronáutica, questionando sobre o resultado da licitação, mas não teve resposta até a publicação deste artigo. Em janeiro, o site já havia enviado perguntas ao departamento de relações públicas da Força Aérea sobre a concorrência e o fato de o edital não permitir que outros jatos comerciais com capacidade semelhante pudessem participar do programa KC-X3, como o Boeing 767- a mensagem foi ignorada pela corporação até o momento.
Orçamento de pouco mais de R$ 400 milhões
A Airbus havia produzido até fevereiro 664 jatos A330-200 dos quais 600 estão atualmente em operação. A FAB, no entanto, estabeleceu como um dos requerimentos a fabricação dos dois jatos a partir de janeiro de 2014, por conta da previsão de vida útil do programa.
Apesar do número elevado de aeronaves ativas e de que mais de 50 potenciais participantes tenham solicitado documentos da licitação, apenas a Azul compareceu ao primeiro encontro. Outro ponto não esclarecido ainda é como a empresa brasileira fará a oferta das aeronaves já que não seria proprietária de modelos A330-200, apenas operando aeronaves de terceiros sob contrato de leasing.
Mesmo entre os oito aviões arrendados com registros da Azul atualmente, apenas um se encaixa na descrição do edital, o de matrícula PR-AIS, originalmente recebido pela Avianca da Colômbia em 2014 e que chegou a voar pela extinta Avianca Brasil.
Segundo registros de aplicativos de monitoramento do tráfego aéreo, o A330-200 está sem voar desde 31 de dezembro, após decolar da Nicarágua com destino a Viracopos, em Campinas.
A concorrência nº 220004 possui um orçamento de US$ 80,6 milhões, cerca de R$ 410 milhões, apenas para a aquisição das duas aeronaves. Os custos com a conversão para o padrão MRTT ainda não foram divulgados pela Força Aérea, que pretende contar com aviões-tanque com alcance bem superior ao dos KC-390, da Embraer.
A divulgação da evolução da licitação seria de enorme utilidade pública para que a sociedade possa saber se a Aeronáutica obteve sucesso em encontrar aeronaves condizentes com suas necessidades. Espera-se que a falta de transparência tenha sido apenas um lapso recente.