A Airbus recebeu mais um pedido firme para um A330 MRTT da OCCAR, a organização europeia que coordena programas cooperativos de armamentos. O avião-tanque baseado no jato comercial A330-200 será incorporado à frota do programa MMF (Multinacional MRTT Fleet), financiado por Holanda, Luxemburgo, Noruega, Alemanha, Bélgica e República Tcheca, que têm o direito exclusivo de operar as aeronaves.
A Agência Europeia de Defesa (EDA) iniciou o programa MMF em 2012. A OCCAR gerencia a fase de compra e operações das aeronaves em nome da Agência de Aquisições e Apoio da OTAN (NSPA). Com o novo pedido, a frota europeia de uso compartilhado contará com nove aviões – o primeiro foi entregue em junho. O grupo multinacional ainda tem mais duas opções de compra pelo A330 MRTT.
“ As aeronaves adicionais proporcionarão maior disponibilidade da frota MMF, permitindo que outras nações da OTAN atendam às suas necessidades de reabastecimento ar-ar, transporte estratégico e evacuação médica”, informou a Airbus.
Os A330 MRTT (Multi-Role Tanker Transport, Avião-Taque Multimissão) são configurados para reabastecimento em voo, transporte de passageiros e carga e operações de evacuação médica.
A330 MRTT versus Boeing KC-46 Pegasus
Peças essenciais no arsenal de uma força aérea, os aviões-tanque são os “postos voadores” de caças e mais uma variedade de aeronaves, de cargueiros militares até helicópteros. Fora o espetáculo da manobra de aproximação dos aviões e a perícia dos pilotos, o reabastecimento em voo é importante para ampliar o alcance dos aviões de ataque e apoio, que podem permanecer mais tempo voando em missões de patrulha e ataque ou percorrer longas distâncias sem paradas.
Criado a partir do consagrado jato comercial A330-200, o modelo A330 MRTT é uma das opções mais interessantes do mercado no ramo dos aviões-tanque de grande porte. O primeiro protótipo voou em 2007 e as entregas começaram em 2011. Desde então, a Airbus entregou 42 aeronaves em 12 países (incluindo as seis nações do programa MMF).
O projeto do A330 MRTT foi um dos competidores no programa KC-X da Força Aérea dos EUA (USAF), que procurava um novo avião para substituir os velhos KC-135 (baseados no Boeing 707). A outra opção era o Boeing KC-46 Pegasus (baseado no 767-200), que em 2011 foi o modelo escolhido para reequipar a frota de reabastecimento aéreo da USAF.
A disputa entre as fabricantes no programa KC-X gerou um intenso debate nos EUA e a vitória da Boeing foi uma escolha polêmica e motivada por questões políticas.
Em termos técnicos, o A330 MRTT é muito superior ao KC-46. O jato da Airbus pode transportar até 111.000 kg de combustível, enquanto o Pegasus leva 96.300 kg. O modelo europeu também bate o KC-46 nas outras tarefas logísticas: transporta 291 passageiros ou 45.000 kg de carga, contra 114 ocupantes e 29.000 kg do Boeing.
O A330 MRTT também possui comandos de voo computadorizados (fly-by-wire), enquanto o KC-46 herdou os sistemas mecânicos do 767 original. O uso dos controles eletrônicos facilita os processos de manutenção na aeronave e reduz a carga de trabalho dos pilotos, além de oferecer maior precisão nas manobras de reabastecimento aéreo.
O projeto A330 MRTT para a USAF era proposto pela Airbus em parceria com a Northrop Grumman e o avião seria produzido em Mobile, no estado do Alabama. Isso manteria a tradição americana de produzir seus equipamentos militares avançados em solo nacional e livrar a aeronave de taxas de importação. Apesar de todos os agrados (e a performance superior do A330 MRTT), a USAF escolheu o avião-tanque da Boeing.
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