O presidente francês Emmanuel Macron anunciou na última semana o lançamento do projeto Porte-Avions Nouvelle Generation (Porta-Aviões de Nova Geração), que vai originar um novo porta-aviões para substituir o modelo atual Charles de Gaulle da Marine Nationale (Marinha da França) até o final da próxima década.
A empreitada é liderada pelo Naval Group, um dos maiores conglomerados de defesa da França. Segundo a companhia, o novo porta-aviões será “o maior navio de guerra que a França já construiu” – o Naval Group também participa do desenvolvimento dos novos submarinos da classe Riachuelo da Marinha do Brasil.
O Ministério da Defesa da França diz que o navio deve ter um deslocamento de aproximadamente 75.000 toneladas e cerca de 300 metros de comprimento, o suficiente para embarca 30 aeronaves. Ele será movido por dois reatores nucleares e também contará com equipamentos de nova geração de lançamento e recuperação de aeronaves, incluindo catapultas eletromagnéticas.
Como comparação, o Charles de Gaulle, que também tem propulsão nuclear, mede 261,5 metros de comprimento e pesa em torno de 42.500 toneladas, comportando um grupo aéreo de até 40 aeronaves.
Com o aval de Macron, o Naval Group começou o estudo preliminar sobre os requisitos para a embarcação, um processo que deve durar dois anos. A próxima fase será a execução do projeto detalhado do porta-aviões, com conclusão prevista para 2025. Em seguida, o governo francês deve assinar o contrato de desenvolvimento e construção completa do barco.
“Estamos muito satisfeitos com o anúncio do Presidente da República que permitirá à França manter a sua posição no círculo muito restrito das grandes potências capazes de conceber e implementar um porta-aviões nuclear. Este projeto contribuirá para a criação de empregos na base industrial e tecnológica de defesa e garantirá a sustentabilidade das nossas competências no atual contexto de crise econômica e da saúde”, disse o presidente-executivo do Naval Group, Pierre Eric Pommellet.
Outros empresas francesas envolvidas no projeto são o estaleiro Chantiers de l’Atlantique, a fabricante aeronáutica Dassault Aviation e a TechnicAtome, especializada no desenvolvimento e manutenção de reatores nucleares.
A expectativa em Paris é que o navio inicie os testes no mar em 2036 e sua entrada em serviço é esperada para 2038, quando a marinha francesa deve iniciar a desativação do Charles de Gaulle.
O ministério da defesa francês diz que ainda é cedo para decidir se a Marinha deve adquirir um ou dois porta-aviões de nova geração, mas ressaltou que “dois porta-aviões garantem sempre ter um em alerta”.
O atual porta-aviões da França começou a ser fabricado em 1987 e entrou em serviço somente em 2001. O Charles de Gaulle é o único navio-aeródromo com propulsão nuclear além dos super porta-aviões da Marinha dos EUA. A embarcação francesa opera com caças Dassault Rafale M e os aviões alerta e controle aérea Northop Grumman E-2C Hawkeye, além de helicópteros de apoio.
Imagens conceituais do futuro porta-aviões francês divulgadas pelo Naval Group mostram o navio carregando uma frota variada de aeronaves, incluindo jatos Rafale, Hawkeye, helicópteros e caças de nova geração com design furtivo, outra novidade que também está nos planos da marinha francesa – a França participa do programa FCAS (Sistema de Combate Aérea do Futuro, em parceria a Alemanha e Espanha, que prevê o desenvolvimento de um caça de sexta geração.
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