Richard Branson é um dos rostos mais conhecidos da atualidade, embora não seja ator, cantor ou político. Com seu ar de “surfista experiente”, o britânico até poderia se passar por uma celebridade tamanha sua presença em eventos, filmes e séries desde que se tornou bilionário. Tudo isso construído do nada após começar sua carreira de empreendedor ao vender árvores de Natal ainda adolescente. Hoje Branson é a cara do grupo Virgin, que reúne de gravadoras a agência de viagens espaciais, mas é a companhia aérea fundada por ele, a Virgin Atlantic Airways, que mais é reconhecida mundo afora. E ela está prestes a estrear no Brasil.
O magnata, que hoje tem apenas 20% da empresa (o restante está nas mãos da Delta, com 49%, e da Air France-KLM, com 31%), esteve no Brasil nos últimos dias e falou com a imprensa. Ao jornal O Globo, Branson prometeu acabar com o domínio da British Airways e da LATAM na rota Londres-São Paulo, a mais movimentada no eixo Reino Unido-América do Sul. “Tenho certeza que só com o fato de haver mais competição nesta rota, com mais poltronas disponíveis, os preços vão cair. O que a Virgin quer é quebrar esse duopólio”, prometeu.
Hoje a LATAM e a BA são parceiras na Oneworld, porém, a companhia aérea sul-americana já avisou que deixará a aliança em 2020, após ter 20% de suas ações adquiridas pela Delta Air Lines. Curiosamente, a Virgin Atlantic também está nas mãos da empresa norte-americana, mas as declarações da LATAM têm sido de que o code-share com seus atuais parceiros seguirá em frente. Um sinal disso é que a Virgin fechou um code-share com a Gol para distribuir seus passageiros no Brasil.
Para atrair público para seu voo diário para o aeroporto de Heathrow, que estreará no dia 29 de março, a Virgin Atlantic escalou o Boeing 787-9, aeronave mais moderna que o 777 usado pela rival britânica. Com 258 assentos, o jato oferece quatro classes incluindo a Upper Class, executiva que Branson diz ser uma primeira classe em termos de qualidade. O 787 também é usado pela Norwegian Air, que hoje voa na rota Rio de Janeiro-Londres (Gatwick), mas configurado para transportar muito mais passageiros, 338 lugares em duas classes.
Picuinhas com o grupo IAG
Apesar do otimismo, a Virgin tem uma operação bem mais modesta, com foco sobretudo nos Estados Unidos e Caribe, e cidades pontuais no Oriente Médio e na China. No Hemisfério Sul, a única rota existente atende Joanesburgo, na África do Sul, mas a companhia britânica tem feito lobby para expandir sua atuação no aeroporto de Heathrow, em Londres, o mais movimentado da Europa.
Hoje o terminal é controlado pela British Airways que possui a maior parte dos slots e tem sido reticente quanto à proposta de ampliação do Heathrow que prevê a construção de uma terceira pista. A Virgin, é claro, defende a expansão com objetivo de aumentar a concorrência com sua rival, a quem culpa pelo preço elevado das passagens no país por conta do “estrangulamento do IAG sobre o único hub do Reino Unido”.
Willie Walsh, CEO do IAG, dono da BA e da Iberia, também não perde a oportunidade de cutucar o adversário. No mês passado, o executivo irlandês foi questionado sobre as possibilidade de sucesso da Virgin Galactic, a empresa de turismo espacial de Branson. Concordou para então alfinetar: “Ele não terá muita concorrência. Ele não é muito bem-sucedido quando tem concorrência”, disse em tom de brincadeira.
Se a rivalidade entre as duas empresas realmente não ser apenas retórica, os passageiros poderão usufruir dessa disputa em breve. Espera-se.
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