O presidente americano Donald Trump é conhecido pelas polêmicas desde que chegou à Casa Branca, mas o republicano logo terá de enfrentar um novo problema, nesse caso em relação aos novos Air Force One, aviões presidenciais dos EUA. O projeto que criará os VC-25B, baseado no Boeing 747-8i, foi contratado junto à fabricante do jato em 2017 ainda na gestão de Barack Obama. Ao assumir, Trump reclamou do preço alto e em fevereiro do ano passado anunciou um generoso desconto da Boeing, que teria caído de US$ 5,3 bilhões para US$ 3,9 bilhões – ainda assim um valor unitário de mais de R$ 7,5 bilhões.
A suposta economia, no entanto, teria desaparecido à medida que o projeto avança. Pela primeira vez, os novos Air Force One apareceram no orçamento de defesa do país e os valores voltaram à US$ 5,3 bilhões, algo como R$ 20 bilhões, pouco menos do que o custo de um porta-aviões da classe Nimitz (cerca de R$ 24 bilhões). A razão para isso está nos custos associados ao projeto em que as células dos 747 são a menor parte do problema – tanto assim que a Boeing usará dois aviões comerciais convertidos que haviam sido encomendados pela falida companhia aérea russa Transaero e que hoje repousam num deserto na Califórnia.
O que faz o Air Force One tão caro são os sistemas de comunicação, defesa e sobrevivência em caso de guerra. Para os americanos, o avião presidencial é mais do que um transporte VIP, como ocorre em outras nações. O VC-25 é uma espécie de “Casa Branca” voadora, capaz de permitir que o mandatário do país continue ativo em qualquer cenário e possa inclusive acionar um ataque nuclear em caso de uma agressão extrema.
Mas mesmo assim pensar que um avião possa custar R$ 10 bilhões é uma insanidade principalmente quando esse valor envolve gastos como a reforma do imenso hangar que hoje acomoda os dois VC-25 baseados no antigo jato Boeing 747-200. Tudo porque o 747-8i, de dimensões maiores que seu antecessor, não cabe na estrutura construída na base aérea de Andrews, perto de Washington.
Sem reabastecimento aéreo
Críticos nos EUA têm observado que o projeto do novo Air Force One pode ser um imenso gasto desnecessário afinal os VC-25A atuais foram modernizados desde que entraram em serviço em 1990. E que, ao contrário dos 747 que serão convertidos, possuem capacidade de reabastecimento em voo. Nos novos aviões, a Força Aérea dos EUA eliminou a adaptação por conta do aumento do custos.
Outro argumento levantado é que a USAF está hoje à procura de uma plataforma capaz de substituir aviões como o C-32 (um 757 VIP), o E-4B e o E-6B, plataformas aéreas de comando e comunicação que utilizam aeronaves 707 e 747. Com a entrada em serviço do KC-46, avião de reabastecimento aéreo baseado no 767, pareceria mais razoável realizar uma encomenda integrada que criasse versões específicas para essas funções e nas quais o Air Force One poderia ser inserido.
A ironia nessa história é que existe a possibilidade de Donald Trump não realizar um único voo no próximo avião presidencial. Isso porque o cronograma prevê o início dos trabalhos apenas no final de 2020 com entrega programada para 2024, ano em que o republicano se despedirá da Casa Branca caso não consiga ser reeleito no ano que vem. Como atrasos não são novidade nesses projetos, possivelmente o próximo presidente a ter o caríssimo VC-25B ainda seja um desconhecido.
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Os aviões não são do Trump, são do governo dos Estados Unidos. Chegou a hora de trocar e caiu no colo dele a bomba. Os próximos presidentes também utilizarão as aeronaves, que são caras justamente pela tecnologia inserida neles.
Comentário perfeito Julio. Apenas para agregar que começou com Obama e será entregue depois que Trump sair. UOL faz a chamada da reportagem para dar a entender ao público que não lê a íntegra da reportagem que o Trump tá gastando muito dinheiro público.
Acho que não é um gasto desnecessário; pode ser caro agora, mas será um aeronave que poderá servir os presidentes dos EUA por mais ou menos 30 a 40 anos com alguma modernização no meio desse período.
Eles também poderiam também manter um dos 747-200 atuais (com alguma modernização) por mais um tempo (uns 10~12 anos a mais de uso) e só deixando o mais novo 747-8 para o presidente e dar prioridade em trocar os veteranos 707 (trocar estes pelos 777 ou 787) que já deve estar no limite das atualizações.