Além de investir na produção do Su-57, primeiro caça stealth conhecido do país, a Rússia já se prepara para desenvolver outro interceptador, o PAK DP, também referido como MiG-41. A nova aeronave já é cogitada há alguns anos, mas recentemente o diretor geral da MiG, Ilya Tarasenko, revelou que o projeto deve ser finalizado ainda em 2019.
Em entrevista ao site russo RIA Novorosti, Tarasenko afirmou que a “aeronave usará novos tipos de armas, será criada com novas tecnologias furtivas, poderá transportar um grande volume de armamentos e operará em um raio de interceptação muito grande”. Segundo o governo russo, o trabalho de desenvolvimento deve começar em seguida, mas não há um horizonte operacional ainda.
Se depender dos planos da Força Aérea da Rússia, no entanto, o MiG-41 só entrará em serviço em algum ponto da década de 2030. A razão é que o caça que ele aposentará, o MiG-31, deverá voar por muitos anos ainda. O interceptador que substituiu o conhecido MiG-25 teve pouco mais de 500 aviões fabricados dos quais metade ainda estaria operacional.
Capaz de atingir Mach 2.8, o “Foxhound”, como foi batizado pela OTAN, tem a missão de interceptar aeronaves em pontos distantes do território russo. Apesar da idade (está em serviço desde 1981), o MiG-31 ainda é considerado uma aeronave confiável e eficiente. No entanto, para se manter na ativa precisa de modernizações frequentes. Em 2012, por exemplo, 60 unidades passaram para o padrão MiG-31BM/BSM.
O caça, que é responsável por transportar o míssil hipersônico Kinzhal, deve ganhar uma nova atualização nos próximos anos e que pretende mantê-lo em operação até 2035. Outro sinal da longevidade do jato é o fato da fabricante do motor D30F6 utilizado por ele ter retomado a produção de algumas partes recentemente.
Sem paralelo
Se realmente sair do papel, o MiG-41 deverá se tornar um interceptador sem paralelo. Possivelmente, suas dimensões deverão ser semelhantes às do MiG-31, ou seja, um jato bimotor com cerca de 22 metros de comprimento e peso máximo de decolagem de mais de 40 toneladas. São números que superariam o F-22 Raptor, hoje o caça stealth de maior porte em operação. Os rumores de que o mesmo motor do MiG-31 poderia ser utilizado pelo PAK DP reforçam a ideia de que o jato será grande, como se imagina ser um interceptador de longo alcance.
Em recentes entrevistas, a cúpula russa cogitou que o caça poderá receber alguns avanços como armas a laser e a capacidade de operar na fronteira do espaço, mas sem mencionar exatamente qual seria a altitude prevista para o novo MiG.
Com 17 milhões de km² e fronteiras distantes até 7 mil km de Moscou, a Rússia sempre viu nesses interceptadores pesados um armamento útil. Desde os tempos do desajeitado Tu-128 passando pelo MiG-25, os russos buscam ter uma quantidade significativa de caças capazes de cobrir longos trechos. Se o governo Putin der luz verde para o projeto talvez essa tradição continue no futuro.
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