A startup Boom Supersonic revelou mudanças drásticas em seu projeto Overture, um jato comercial para até 80 passageiros e que será capaz de voar até Mach 1,7 (quase duas vezes a velocidade do som).
Embora a empresa dos EUA tenha afirmado se tratar de um refinamento do projeto original, a aeronave exibida agora é completamente diferente, com quatro motores sob asas em vez da configuração trimotor que era apresentada até então.
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O Overture também passou a contar com uma fuselagem “contornada”, ou seja, com diâmetros diferentes, para reduzir o arrasto aerodinâmico e o ruído. Além disso, o jato exibe uma nova “asa de gaivota” e uma cauda convencional.
Anteriormente, o avião supersônico mantinha uma semelhança com o Concorde, incluindo a entrada de ar dos motores, colocados próximos ao bordo de fuga das asas (embora com um terceiro motor na parte traseira da fuselagem).
No projeto revisado, o Overture passou a lembrar o Boeing 2707, o projeto de um jato supersônico que o governo dos EUA bancou nos anos 60, mas que acabou cancelado.
Vôo subsônico sobre o continente
A Boom também compartilhou algumas características do Overture, como o fato de manter o voo supersônico apenas sobre os oceanos enquanto manterá Mach 0.94 quando estiver sobrevoando o continente – repetindo a situaççao do Concorde, que não podia voar supersônico sobre os EUA.
É uma forma de contornar as restrições de poluição sonora associadas ao voo supersônico, mas que não resolvem o dilema desses jatos já que o cenário ideal é voar rápido em qualquer região. Para resolver esse problema, a Nasa está prestes a iniciar os voos com o X-59, uma aeronave experimental concebida para testar formas de reduzir o impacto da quebra da barreira do som.
O Overture terá uso extenso de compósitos de carbono, que são mais leves e resistentes e podem ser produzidos em curvas complexas, necessárias para ampliar a eficiência aerodinâmica.
Segundo a Boom, o uso de quatro motores tornará o jato supersônico mais seguro e silencioso além de oferecer um custo mais baixo aos operadores. A empresa, no entanto, não deu detalhes sobre o fornecedor do turbofan com pós-combustor.
“A aviação não dá um salto gigante há décadas. O Overture é revolucionário em seu design e mudará fundamentalmente a forma como pensamos sobre a distância”, disse o fundador e CEO da Boom, Blake Scholl. “Com mais de 600 rotas em todo o mundo, a Overture tornará o mundo dramaticamente mais acessível para dezenas de milhões de passageiros.”
A previsão é que o Overture entre em serviço em 2029. O voo inaugural está programado para 2026, após dois anos de produção. Antes disso, a Boom prepara o primeiro voo do XB-1, demonstrador que entretanto mantém um formato semelhante ao projeto original do Overture, com três motores.