Gigantes cargueiros: Boeing 777-8F e Airbus A350F frente a frente

Finalmente lançados no mercado, gigantes de carga almejam tornar-se a referência do segmento a partir da segunda metade da década
Boeing 777-8F e o Airbus A350F: a nova batalha dos gigantes de carga (Divulgação)

A pandemia do Covid-19 provocou inúmeros impactos na aviação comercial e um deles foi o aumento expressivo da carga aérea, surgida com a alta demanda do comércio eletrônico.

Fabricantes que antes consideravam o segmento de transporte de carga como secundário passaram a enxergar uma saída para a queda nas viagens aéreas de passaageiros. Vários programas de conversão de aeronaves estão em curso atualmente, mas é daqui a alguns anos que teremos um cenário bastante diferente do atual.

Por conta de restrições ambientais mais duras, os atuais aviões cargueiros deixarão de ser produzidos a partir de 2027, afetando sobretudo a Boeing que hoje se sobressai com o 767-300F e sobretudo o 777F.

Por isso o que antes seriaalgo pouco provável passou a ser uma prioridade, o lançamento de variantes cargueiras de aeronaves de nova geração como o Airbus A350 e o Boeing 777X.

A Air France deve receber quatro A350F (Airbus)

A gigante europeia saiu na frente ao lançar o A350F em novembro de 2021, oferecendo uma aeronave que une características das versões 900 e 1000. Com capacidade para transportar 109 toneladas, o novo cargueiro chegará ao mercado já em 2025.

A Boeing, por sua vez, apresentou o aguardado 777-8F no início da semana com uma encomenda volumosa da Qatar Airways. A urgência pelo novo cargueiro é tanta que a fabricante deixou de lado momentaneamente a variante de passageiros 777-8. Ainda assim o 777X de carga entrará em serviço em 2027.

Agora que os dois novos representantes máximos de Boeing e Airbus são conhecidos resta entender o que eles oferecem, embora boa parte dos dados técnicos ainda não tenha sido divulgada. Veja o que se sabe até aqui:

A configuração de carga do Boeing 777-8F

Dimensões

O 777-8F herdará do 747-8F o título de maior aeronave cargueira em produção dentro de cinco anos. O bimotor é ligeiramente maior que o A350F, mas possui asas com maior envergadura por conta do sistema de extensão das suas pontas.

A largura da fuselagem do 777 também é bem superior ao A350, com 6,2 metros contra 5,96 metros do Airbus.

Capacidade

A Boeing divulgou inicialmente que o 777-8F poderá transportar até 118 toneladas, mas na página oficial da empresa a informação que consta é menor, de 112,3 toneladas para um alcance de 8.167 km (4.410 milhas náuticas).

O A350F, por sua vez, poderá levar 109 toneladas a uma distância um pouco maior, de 8.700 km (4.700 nm).

A Qatar encomendou 34 777-8F (Boeing)

Em relação ao compartimento de cargas, o Airbus pode acomodar 30 pallets com 96 por 125 polegadas no deque principal e outros 12 pallets no porão.

O 777-8F leva vantagem por levar dois pallets extras, um em cada piso da fuselage,. Em relação ao 777F, são sete pallets a mais.

Desempenho

Como explicado, o Boeing cargueiro levará mais carga, porém, numa distância menor que o A350F – 533 km (290 nm) a menos. O 777-8F também terá uma autonomia sensivelmente inferior ao 777F, que pode transportar 102 toneladas por 9.200 km (4.970 nm).

O 777-8F também deverá ter um peso máximo de decolagem (MTOW) bem maior que o A350F, que é de 319 toneladas. A Boeing ainda não divulgou a informação, mas baseado no MTOW do 777F (348 toneladas) é possível imaginar que o número será mais alto, a despeito da construção mais avançada.

Aeronave Boeing 777-8F Airbus A350F
Comprimento 70,9 m 70,8 m
Envergadura 71,8 m 64,75 m
Altura 19,5 m 17,1 m
Autonomia 8.167 km 8.700 km
Carga paga máxima 112,3 toneladas 109 toneladas
Peso máximo de decolagem n/d 319 toneladas
Deque principal 31 pallets 96 x 125 pol 30 pallets 96 x 125 pol
Deque inferior 13 pallets 96 x 125 pol 12 pallets 96 x 125 pol
Largura da fuselagem 6,2 metros 5,96 metros
Entrada em serviço prevista 2027 2025

PAdronização

Ambas argumentam que seus cargueiros terão ampla comunalidade com outras versões, o que reduziria custos e simplificaria sua operação. A Airbus aposta na semelhança com os demais A350 e no seu conceito de cabine de comando padronizada com outros modelos. Já a Boeing diz que o 777-8F será muito semelhante ao 777F, inclusive em relação à porta principal de carga.

As vantagens do A350F, segundo a Airbus

Entrada em serviço

Sem uma aeronave atraente de carga, a Airbus só tem a ganhar ao colocar o A350F em serviço o quanto antes. Ela leva vantagem também pelo fato de a família A350 já ter sido certificada há tempos, o que deve acelerar o processo com o cargueiro.

A Boeing não tem tanta pressa afinal o 777F segue obtendo pedidos e poderá ser produzido pelos próximos cinco anos, fazendo uma transição mais suave para o 777-8F.

Mas a fabricante dos EUA não pode ter mais atrasos no programa de certificação do 777X, caso contrário sua rival pode acabar revertendo um cenário em que ela tem vantagem atualmente.

O Boeing 777-8F deve entrar em serviço em 2027 (Boeing)

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