O atraso no retorno à operação do 737 Max, afetado pelo aterramento causado por problemas de segurança, teria obrigado a Gol a reduzir sua malha internacional nos próximos meses. A informação circula em redes sociais e que atribui a suspensão de alguns voos à falta de aeronaves – além de não receber o novo jato da Boeing, a companhia também está devolvendo modelos 737NG hoje em uso.
As rotas afetadas são as que ligam São Paulo e Quito, o segundo voo entre Guarulhos e Santiago do Chile e os três voos semanais entre Fortaleza e Orlando. Essas rotas serão suspensas entre abril e julho enquanto os voos para a cidade do Equador serão retomados com oferta menor de frequências a partir do segundo semestre. De fato, em uma busca no site da empresa aérea é possível constatar as modificações divulgadas em sistemas de voos do setor.
A escolha desses destinos estaria ligada à uma demanda menor do que a esperada. A capital do Equador, por exemplo, teve um aproveitamento de apenas 60,2% com 30.494 passageiros transportados em 2019, segundo a ANAC. A Gol é a única companhia a voar para Quito do Brasil atualmente. Já os voos 7661 e 7662 para Santiago do Chile e que são realizados seis vezes por semana denotam um provável excesso de oferta na rota, que já é atendida por um voo diário da companhia.
A capital chilena, aliás, passa por turbulências desde o surgimento de manifestações violentas no ano passado e que ainda persistem. O clima de insegurança pode ter influenciado também na redução de passageiros para o destino. A ocupação na rota caiu em 2019 se comparado à 2018, período antes dos problemas no país.
Competição agressiva
Não há dúvida, no entanto, que uma das rotas mais afetadas pela ausência do 737 Max é mesmo o voo entre Fortaleza e Orlando. A Gol havia lançado a rota graças ao alcance da aeronave da Boeing, que é capaz de voar sem escalas para a Flórida, um dos destinos mais procurados pelo brasileiro. Desde março do ano passado, os sete jatos recebidos pela companhia aérea estão estacionados no Aeroporto de Confins e as perspectivas de retorno ao serviço só têm sido postergadas. Há quem já conte com o avião apenas em agosto ou setembro, como a American Airlines.
Sem o Max, a Gol escalou o 737-800 na rota, o que obriga a uma parada técnica para reabastecimento na República Dominicana, fazendo com que o voo seja mais demorado. O resultado é que a ocupação média em 2019 foi de apenas 65%. Para piorar a situação, a LATAM voa quatro vezes por semana entre a capital cearense e Miami com aeronaves Boeing 767-300 – a Gol suspendeu esse trecho em vários meses do ano passado.
Enquanto não volta a contar com o 737 Max, a empresa tem concentrado seus esforços em manter as ligações dos EUA com Brasília e também lançou um voo semanal entre Manaus e Miami, que ficam a uma distância suficiente para a autonomia do 737-800 NG. Sem possuir widebodies em sua frota, a companhia tem reforçado sua aposta na nova geração do birreator da Boeing. Na semana passada, ela anunciou um novo contrato de venda e arrendamento com a empresa Carlyle Aviation, que ficará com 11 de seus 737-800NG assim que a Gol receber novos 737 Max 8.
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