A agência de pesquisas e projetos avançados de defesa (DARPA, na sigla em inglês) dos EUA contratou no fim de novembro a General Atomics para trabalhar no desenvolvimento do conceito “Liberty Lifter”, um ecranoplano.
O programa, lançado por iniciativa do Pentágono no início deste ano, propõe uma transformação profunda nos métodos de transporte estratégico aéreo e marítimo das forças armadas dos EUA. Imagens conceituais do projeto mostram uma aeronave exótico, com fuselagem dupla em formato de cascos para pousos na água e munida de 10 motores com hélices pusher (voltadas para trás).
Na época do lançamento do projeto, a DARPA informou que tratava-se de um “avião X de longo alcance e baixo custo”. Espera-se que o conceito tenha um porte semelhante ao do cargueiro militar C-17 Globemaster da Boeing, pesando em torno de 272 toneladas. Embora o projeto ainda não tenha saído das pranchetas, a agência americana já tem uma projeção sobre preço unitário da aeronave: US$ 340 milhões.
Acostumada a desenvolver aeronaves diferenciadas, como os drones MQ-1 Predator e o MQ-9 Reaper, a General Atomics pela primeira vez terá uma experiência com ecranoplanos. O Pentágono, no entanto, ainda não informou detalhes sobre o tipo de trabalho que será executado pela empresa, que vai receber US$ 8 milhões para participar do projeto.
Invenção soviética
Misto de barco com avião, os ecranoplanos surgiram na década de 1950 na antiga União Soviética como instrumentos militares com altíssimo poder de fogo. O nome desse tipo de veículo, inclusive, é autoexplicativo, mas em russo. O termo deriva da denominação que recebe na língua russa o fenômeno do efeito solo (“ecrani efect”, na pronúncia em russo).
Diferentemente dos aviões, que voam em razão da baixa pressão produzida sobre as asas, os ecranoplanos utilizam o efeito solo que causa uma sobrepressão sob as asas de formato especial, criando um colchão de ar que dá sustentação à aeronave em voo rasante, normalmente sob uma superfície aquática – embora ele também funcione em terra firme.
O conceito Liberty Lifter, porém, incorpora características de aviões (ou hidroaviões). Segundo a DARPA, o aparelho, embora aproveite o efeito solo, também será capaz de voar em altitudes elevadas, de até 10.000 pés (3.048 metros), em caso de necessidade. É, portanto, uma nova espécie de ecranoplano, pois esse tipo de aeronave nunca voou tão alto.