A TAP voltará a ser controlada pelo governo português. A companhia aérea passará a ter 72,5% das suas ações nas mãos do estado graças a um acordo fechado com o empresário David Neeleman nesta quinta-feira, 2, que venderá sua parte no negócio, hoje de 22,5%.
Com isso, o fundador da Azul deixará a sociedade mediante o pagamento de 55 milhões de euros. Seu sócio, Humberto Pedrosa, no entanto, permanecerá com sua participação (também de 22,5%) enquanto os funcionários da TAP têm 5% das ações.
Segundo o ministro das Finanças de Portugal, João Leão, o acordo evitará o colapso da companhia aérea por abrir caminho para a aprovação de um empréstimo do estado de 1,2 bilhão de euros. Esses recursos estavam bloqueados pela Comissão Europeia porque Neeleman condicionava qualquer saída ao pagamento de um empréstimo feito pela Azul à TAP.
O acordo também significou evitar uma saída litigiosa já que o objetivo original do governo português era o de nacionalizar a TAP à força. Embora ainda precise ser ratificada, a venda das ações motivará a saída imediata do CEO da empresa portuguesa, o brasileiro Antonoaldo Neves, que já esteve à frente da Azul.
Segundo o ministro da Infraestrutura, Pedro Nuno Santos, o atual presidente deve deixar o cargo por não ter sido uma escolha do estado afinal, com “a saída de um dos principais acionistas, era difícil explicar que o CEO continuasse” à frente da empresa.
Gestão terceirizada
Embora passe a ter a grande maioria das ações da TAP, o governo de Portugal pretende contratar uma empresa para gerir a companhia aérea. O que é certo é que a TAP encolherá nos próximos meses. Entre as condições de Bruxelas para aprovar o empréstimo está um enxugamento na empresa que deve resultar em redução de frota, destinos e número de funcionários.
Não se sabe ao certo como será a atuação da companhia aérea no Brasil, um dos seus principais mercados. Sob a gestão privada, a TAP expandiu os serviços no país e modernizou a frota com aeronaves mais eficientes como os jatos A321neo e A330-900neo.
Além disso, Neeleman costurou acordos de parceria com a Azul que tornaram Lisboa e Viracopos hubs de distribuição de passageiros na Europa e América do Sul. A TAP também utiliza aviões da Embraer arrendados da companhia aérea brasileira. Ou seja, essa reviravolta nos planos deverá ter consequências significativas para os passageiros no Brasil.
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