O governo dos EUA deverá anunciar um aumento de 50% nas tarifas cobradas de jatos comerciais da Airbus fabricados na Europa. Atualmente, essas aeronaves pagam 10% de taxas e que serão elevadas para 15% e arcadas pelas companhias aéreas americanas, suas clientes.
A medida é uma resposta aos subsídios ilegais da União Europeia à Airbus reconhecidos pela Organização Mundial do Comércio. Segundo a agência Reuters, os europeus preparam uma ação semelhante contra a Boeing em outro caso julgado pela OMC.
As acusações de subsídios ilegais se arrastam há 15 anos e chegam a um momento crítico em que a pandemia do coronavírus (Covid-19) ameaça a sobrevivência da maior parte das companhias aéreas no mundo. A cada dia, mais voos são suspensos, reduzindo dramaticamente a receita dessas empresas.
Os fabricantes de aeronaves também têm sentido o duro golpe causado pelo novo vírus. A Airbus e a Boeing, com casos de funcionários infectados, pararam ou reduziram o trabalho em suas linhas de montagem, reforçado pelo fato que muitos clientes estão solicitando a postergação da entrega de aviões.
Linha de montagem nos EUA
Para reduzir a pressão do governo dos EUA, a Airbus tem investido na fabricação de aeronaves na América. Sua fábrica de Mobile hoje produz jatos da família A320 e passou a montar parte dos A220, um programa comprado da canadense Bombardier. Não se sabe ao certo se essas aeronaves montadas nos EUA, mas com partes produzidas na Europa, serão afetadas pelo aumento das tarifas.
Atualmente, a presença de aviões da Airbus nas frotas das três maiores companhias aéreas dos EUA é bastante significativa. Na American Airlines elas representam 45% e quase empatam em números com os aviões da Boeing.
A Delta Air Lines possui um terço de sua frota fornecida pela fabricante europeia, incluindo os novos A220, A330neo e A350. Já a United Airlines possui 22% de suas aeronaves fabricadas pela Airbus, mas todas elas fecharam acordos recentes com os europeus, sobretudo pelo A321XLR, uma variante de longo alcance do jato de um corredor e que deve substituir justamente o Boeing 757, aeronave que foi usada em larga escala nos Estados Unidos.
Veja também: Airbus cancela tour do A220 no Brasil devido ao coronavírus