Países que nunca tiveram um voo regular que os conectasse, Austrália e Brasil poderão estrear uma rota no primeiro trimestre de 2020. Isso se depender da conversa que tiveram o presidente da Embratur Gilson Machado Neto e o embaixador da Austrália no Brasil, Timothy Kane. Os dois se reuniram recentemente para falar sobre a recente isenção de vistos para turistas australianos e as perspectivas de aumento do fluxo de passageiros entre os dois países.
De acordo com Kane, o estado de Victória, na região sul, teria interesse e recursos financeiros para propor um voo direto entre as cidades de Melbourne e São Paulo, não por acaso centros financeiros de ambos os países. “Este voo será mais uma ferramenta para ampliar nossa conexão aérea, além de facilitar a ligação com outros países, como Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Malásia, Cingapura, Tailândia e China. De Xangai e Pequim, os chineses poderão chegar ao Brasil com apenas uma conexão”, afirmou Gilson Neto. Segundo o presidente da Embratur, o Brasil recebeu apenas 60 mil dos 150 milhões de turistas chineses em 2018.
Por falar nisso, a Austrália enviou pouco mais de 40 mil turistas para o Brasil no ano passado, um incremento de 24% em relação a 2017. Atualmente, uma das rotas mais acessíveis para chegar à Oceania passa por Santiago do Chile onde a LATAM possui um voo direto justamente para Melbourne realizado cinco vezes por semana com um Boeing 787, além de uma frequência diária para Auckland, na Nova Zelândia. Já a Qantas voa quatro vezes por semana a partir de Sydney com destino à capital chilena – o avião utilizado na rota é o Boeing 747-400.
Desde que o Chile e a cidade australiana passaram a ser ligadas pelo voo direto, o movimento de passageiros cresceu significativamente – em 2018 foram 135 mil turistas australianos no Chile.
Possíveis candidatas
Embora os dois representantes não tenham revelado possíveis detalhes do voo, é mais provável que ele também seja operado por LATAM e Qantas, parceiras na aliança Oneworld. A distância em linha reta entre São Paulo e Melbourne é de pouco mais de 13 mil km, ou seja, ambas possuem em tese aeronaves capazes de cobrir a rota. Enquanto a companhia aérea australiana poderia utilizar o Boeing 787 (14 mil km de alcance na versão -9) a brasileira teria no Airbus A350-900 a aeronave mais indicada, com autonomia de cerca de 15 mil km.
A Qantas, inclusive, chegou a dizer em 2017 que tinha interesse em voar para o Rio de Janeiro a partir de 2022, mas desde que com aeronaves capazes de cobrir a rota. Hoje a companhia aérea voa apenas para Houston e Dallas a partir de Sydney, e Los Angeles, San Francisco e Vancouver, de Melbourne, mas deseja ter um voo direto para Nova York, por exemplo.
Caso a frequência seja de fato criada, será o voo direto mais longo partindo do Brasil, com cerca de 15 horas de duração. Atualmente, a rota mais longa operada em Guarulhos é feita pela Emirates Airline que liga Dubai à capital paulista com o Airbus A380.
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