A Amedeo Aero, grupo de leasing de aeronaves da Irlanda, é hoje um dos principais locadores do Airbus A380 para companhias aéreas, com oito jatos em atividade e mais 20 unidades encomendadas. A empresa, no entanto, corre sério risco de não conseguir renovar os contratos de aluguel das aeronaves. Além disso, o grupo também não encontrou novos clientes interessados em operar o maior avião de passageiros do mundo, mesmo após meses de negociações.
A empresa irlandesa, porém, já acena com uma solução para não deixar seus gigantes parados: criar sua própria companhia aérea operando exclusivamente com o A380.
Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, Mark Lapidus, diretor-executivo da Amedeo, afirmou que a empresa pode oferecer novos modelos de negócio com a aeronave.
O primeiro deles é oferecer assentos no quadrimotor e operá-lo com o nome e caracterização de outras empresas. Nesse formato, muito comum na aviação regional nos Estados Unidos, passageiros compram seus bilhetes pelos canais de companhias aéreas atuantes no mercado, enquanto o dono da aeronave cuida de toda sua operação, com tripulação e cuidados de manutenção próprios.
Outra possibilidade, segundo Lapidus, é seguir por um modelo “não tradicional”, oferecendo esse mesmo tipo de serviço a empresas de perfil “disruptivo”, como a plataforma Airbnb, hoje focada no aluguel de imóveis por curta temporada.
“Parcerias e acordos de code-share deixaram os passageiros acostumados a comprar bilhetes por uma empresa e voar com outra”, contou o diretor da Amedeo. Lapidus ainda afirmou que o grupo deve obter sua licença para operar voos comerciais em 2018.
O executivo do grupo Irlandês também apontou alguns nomes com o qual a Amedeo vem negociando essas soluções, como a Norwegian, WOW e Air Asia X, além do Airbnb. Essas empresas têm em comum o perfil de serviços “low-cost”, o que pode possibilitar explorar o máximo da capacidade do A380, hoje certificado para transportar até 868 passageiros.
“Quando o A380 for devidamente configurado com 600 a 700 assentos ele vai superar a economia de custos de qualquer coisa que voe”, disse Lapidus.
Elefante branco
O movimento de não renovação de contratos de leasing de jatos A380 já começou. A primeira empresa que sofreu o baque foi a Dr. Peters, grupo de investimentos da Alemanha e proprietário de oito exemplares do quadrimotor. Um desses modelos, o primeiro a estrear na aviação comercial, foi devolvido recentemente pela Singapore Airlines e atualmente está estacionado na França, à espera de um novo operador ou até de ser desmontado.
A Singapore ainda vai devolver a Dr. Peters no próximo ano outros quatro A380 alugados que também não terão seus contratos renovados. A companhia aérea de Cingapura também vai despachar um quinto modelo, alugado pela Doric, empresa de leasing do Reino Unido e dona de 17 unidades do maior avião do mundo.
Os A380 da Amedeo são operados atualmente pelas companhias Emirates, de Dubai, e a Etihad, de Abu Dhabi, e seus contratos de locação de 10 anos começam a expirar a partir do próximo ano.
Além da dificuldade no mercado de aviões usados, a Airbus também passa por um período conturbado com o A380 e há dois anos não recebe novo um pedido pela aeronave. Desde 2008, a fabricante entregou 216 unidades do “Superjumbo” e ainda tem mais 101 unidades encomendadas.
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