Se os segmentos de entrada dos jatos executivos ganharam novos concorrentes como a Pilatus e a Honda, no topo da categoria a disputa segue concentrada na tradição. Dassault, Bombardier e Gulfstream continuam em busca desses clientes e corporações dispostos a investir somas astronômicas em aeronaves que transcendem os padrões da aviação. Sim, porque um jato executivo de longo alcance custa tanto quanto muitos aviões comerciais.
Mas parece não haver limite para eles, como ficou claro nesta semana quando a Gulfstream revelou o G700, seu mais ambicioso jato executivo. É um avião de superlativos: tem mais de 33 metros de comprimento (quase o mesmo que um 737-700), transporta até 21 passageiros a uma velocidade máxima de Mach 0,925 e à uma distância impressionante de 13.900 km (7.500 milhas náuticas) – embora esses dados não sejam combinados.
O alvo da empresa americana é óbvio, o canadense Global 7500, da Bombardier, outro gigante do segmento. Mas a Gulfstream elevou o padrão da categoria ao desenhar uma fuselagem cujo espaço interno é imbatível: a cabine de passageiros possui 17,4 metros de comprimento, 2,5 metros de largura e 1,9 metros de altura, superando seu rival em todas as dimensões.
Graças a isso, a Gulfstream diz que o G700 pode ser configurada com até cinco ambientes diferentes que podem incluir sala de jantar para seis pessoas, suíte master ou então assentos de 180º de inclinação para até 10 passageiros. Voando a até 51 mil pés de altitude (15.540 metros), o jato promete uma altitude de cabine de 4,850 pés (1.478 metros).
Para propulsionar o G700, a Gulfstream escolheu o turbofan Pearl 700, da Rolls-Royce, com 18.250 libras de empuxo, e que tem um nível de automação tão alto que é capaz de levar menos de 10 minutos entre a partida e o táxi da aeronave. Com menor consumo, o motor proporcionou a maior autonomia, mas nesse aspecto o G700 não se equipara ao Global 7500, pelo menos em números absolutos.
A Bombardier alega que seu jato, que entrou em serviço no ano passado, pode voar 7.700 milhas náuticas (ou 14.260 quilômetros), com oito passageiros (mais quatro tripulantes) e a uma velocidade de Mach 0,85, lembrando que o Global 7500 leva no máximo 19 passageiros. O G700 faz o mesmo, porém, com alcance 360 km menor em teoria. Aos jornalistas presentes no evento, a Gulfstream afirmou que a preocupação dos seus clientes é ter mais espaço em vez de uma autonomia maior.
Ainda assim, trata-se de uma performance de tirar o chapéu. Em um mapa no site da empresa é possível ver até onde o G700 pode voar a partir de São Paulo. Estão no seu raio de alcance cidades como Melbourne, Mumbai e Achorange, no Alasca, apenas para citar destinos no limiar de sua operação. Um executivo baseado em Londres, por exemplo, só não consegue voar sem escalas para a Austrália, ou seja, quase todas as principais regiões do mundo estão dentro da autonomia do jato da Gulfstream.
Já em andamento
A melhor notícia da empresa na abertura da NBAA 2019 foi revelar que o G700 já está em um estágio bastante avançado de desenvolvimento. Um dos cinco protótipos já realiza ensaios de taxiamento e quase 14 mil horas de testes diversos foram completados até aqui, em preparação para o primeiro voo, cuja data a Gulfstream não revelou. Mas fabricante confirmou que o G700 entrará em serviço em 2022. O primeiro cliente é a companhia aérea Qatar Airways que encomendou uma aeronave para seu serviço de charters – a americana FlexJet também foi anunciada durante o evento e será a primeira cliente no país natal da Gulfstream.
Preço estimado do novo avião? Nada menos que US$ 76 milhões, ou mais de R$ 300 milhões, valor que pode subir dependendo de como cada cliente resolve finalizar seu interior.
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Em espaço interno só perde pro Lineage 1000 da Embraer. Impressionante.