Neste sábado, 20 de janeiro, são completados 50 anos do primeiro voo do caça F-16 Fighting Falcon, uma aeronave de combate versátil que ainda é produzida e desejada por muitas forças aéreas do mundo – vide a Ucrânia.
Mas o que parecia ser uma data planejada para que o então jato da General Dynamics (mais tarde incorporada pela Lockheed), não era nada disso.
A equipe de testes pretendia utilizar o ensaio na Base Aérea de Edwards, na Califórnia, para avaliar a aceleração do jato no solo, mas sem intenção de voar, algo que era planejado para outra data.
O piloto de testes, Phil Oestricher, no entanto, teve dificuldades para controlar o protótipo YF-16, que estava muito instável por conta do inovador sistema de controle Fly-By-Wire.
Após ver o nariz do avião se elevar, o piloto tentou mantê-lo no chão, chegando a tocar com a asa direita na pista. Vendo a situação ficar mais crítica, Oestricher decidiu tomar uma atitude arriscada: decolar assim mesmo a fim de evitar algum acidente.
Com certa dificuldade, o YF-16 deixou a pista e no ar a situação se estabilizou a ponto de a aeronave permanecer em voo por cerca de seis minutos até conseguir pousar em segurança.
Derrotando o YF-17 e virando produto d exportação
Apesar do susto daquele domingo 20 de janeiro de 1974, o F-16 se mostrou um produto de excelência e de lá para cá mais de 4.600 desses caças foram produzidos, a maior parte deles continua a voar em várias forças aéreas.
O YF-16 foi o vencedor da concorrência Air Combat Fighter da USAF em 1976, derrotando o YF-17, da Northrop, que mais tarde deu origem ao F/A-18 Hornet em parceria com a McDonnell Douglas.
O F-16, entretanto, era uma aeronave com inovações e soluções bem pensadas a começar pelo sistema Fly-By-Wire, que substituía os cabos por comandos elétricos para controlar o jato.
Sua configuração incluía um motor apenas com entrada de ar ventral e um cockpit elevado com um canopy em formato de bolha. Graças ao Fly-By-Wire, o piloto controlava a aeronave por uma espécie de joystick na lateral direita e que mais tarde passou a ser popular em vários aviões.
Além disso, ele tinha uma posição mais inclinada e usava assentos ejetáveis zero-zero, que podiam ser acionados no solo mesmo com o jato parado. O resultado era que o F-16 podia suportar cargas elevadas de mais de 9g e a posição inclinada reduzia os efeitos no piloto.
A caminho da Ucrânia
O radar original era um AN/APG-66 de pulso-doppler com antena planar e alcance de 150 km, sendo multimodo e feito pela Westinghouse. Na versão mais recente, o F-16 conta com o avançado radar APG-83 AESA.
O primeiro motor do F-16 foi o turbofan Pratt Whitney F100 com 23,8 mil libras de empuxo no pós-combustor. Posteriormente, a General Electric forneceu o motor F-110, com características semelhantes. Nas variantes mais recentes Bloco 70/72, o motor é um General Electric F100-GE-129D.
Além de ser usado como caça leve na Força Aérea dos EUA (USAF), o F-16 teve uma carreira de exportação movimentada, com vários países europeus o escolhendo para modernizar suas forças aéreas. Isso motivou até a abertura de duas linhas de montagem, na Bélgica e na Holanda.
O F-16 acabou sendo adotado por 25 países e a mais nova operadora do jato será a Força Aérea da Ucrânia, que deve receber os primeiros aviões em 2024, repassados por países europeus como a Holanda.
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A Lockheed Martin, que produziu o F-16 em sua principal fábrica em Fort Worth, Texas, transferiu a linha de montagem para Greenville, Carolina do Sul, onde tem atualmente 135 aeronaves do Bloco 70/72 encomendadas.
De acordo com a fabricante, há cerca de 3.100 jatos ainda em serviço no mundo. A frota total de F-16 chegou a marcos impressionantes como mais de 13 milhões de sortidas e 19,5 milhões de horas voadas em cinco décadas, desde aquela decolagem inesperada.