Se alguém ainda duvida da eficiência oferecida pela nova família de jatos comerciais da Embraer, basta conversar com os executivos da Helvetic Airways. A empresa aérea suíça, uma das primeiras a estrear uma aeronave da série E2, revelou para a imprensa do país nesta quarta-feira (26) que o E190-E2 tem sido até 20% mais econômico do que seu antecessor, em vez de 17,3% como previsto.
“Concluímos 846 voos com os dois primeiros E190-E2 até agora e constatamos que a economia de combustível é ainda maior do que a Embraer prometeu”, afirmou Tobias Pogorevc, CFO da Helvetic. O executivo ainda acrescentou que a confiabilidade da aeronave é altíssima, de 99%, e que os motores Pratt & Whitney PW1900 não tiveram qualquer problema até agora. Havia uma certa preocupação por conta de falhas apresentadas por uma versão utilizada pelo rival A220, da Airbus.
Pogorevc mostrou-se muito interessado no E195-E2, o maior membro da família, e que foi apresentado nesta quarta-feira em Zurique. “Queremos dar uma olhada mais de perto na aeronave e estamos conversando com a Embraer imaginando que o 195 complementaria muito bem o 190. É bem possível que compremos o 195″, disse.
A Helvetic Airways foi a terceira companhia aérea do mundo a receber o E190-E2, em outubro do ano passado. Atualmente, ela possui três aviões na frota, o mais recentes deles (HB-AZC) entregue nesta semana. A encomenda total da companhia aérea é de 12 unidades e quatro deles deverão ser recebidos em meados deste ano e passarão a aposentar os E190 de primeira geração, hoje somando um total de 11 aeronaves operacionais. Até o ano passado, a empresa voava com os antigos Fokker 100 e que acabaram vendidos para um grupo australiano.
Além de rotas próprias, a Helvetic também presta serviços para a Swiss, parte do grupo Lufthansa. Com a gigante alemã, a companhia aérea opera a rota Zurique-Munique em regime de “wet-lease”.
Entregas em alta, encomendas nem tanto
A nova família E2, da Embraer, é uma evolução dos E-Jets, série que domina o mercado abaixo de 130 lugares na aviação comercial, com 1.579 aeronaves entregues até dezembro. Com três versões (E175-E2, E190-E2 e E195-E2), a nova série oferece mais espaço interno, alcance e economia operacional. No entanto, a recepção do mercado tem sido abaixo da expectativa. Atualmente, existem 171 pedidos firmes e 108 opções, mas apenas das variantes maiores – o E175-E2 continua sem ter um único cliente.
Após um início de produção lento, a Embraer acelerou as entregas, terminando 2019 com 18 jatos enviados aos seus clientes – 11 da versão E190-E2 e sete do E195-E2 e que é capaz de transportar cerca de 136 passageiros. Entre as possíveis causas da falta de encomendas vultosas pode estar o atraso na criação da joint venture entre Embraer e Boeing e que emperrou na União Europeia.
A comissão que analisa a proposta tem pedido mais tempo e informações antes de decidir, porém, a demora já tem causado críticas de empresas aéreas e de leasing por favorecer a Airbus. Na visão desses potenciais clientes, sozinha a Embraer não tem a mesma margem de negociação da gigante aeroespacial europeia e que acaba de comprar a parte da Bombardier no A220, jato rival do E2. Ou seja, o jogo pode ficar desequilibrado em favor da Airbus, tornando o mercado menos competitivo, justamente a razão alegada pelos europeus para temer a joint venture.
Diante da boa receptividade do E190-E2 pela Helvetic, a disputa entre as duas aeronaves poderá ser interessante no futuro.
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E alguém tinha dúvidas de que a Airbus estava por trás disso ? É mais uma batalha da guerra comercial entre os fabricantes norte-americano, europeu e, inclusive, o chinês.