Índia admite interesse em comprar divisão de aviões comerciais da Embraer

Informação foi revelada por um alto oficial do governo da Índia ao jornal Business Standard no final de setembro após rumores terem surgido seis meses atrás
Protótipo do novo jato regional Embraer E190-E2 (Embraer)
Websérie no Youtube celebra os 54 anos da Embraer (Embraer)
(Embraer)
Índia admite interesse na divisão de aviões comerciais da Embraer (Embraer)

Pela primeira vez, o governo da Índia assumiu que planeja adquirir a divisão comercial da Embraer, revelou o jornal indiano Business Standard. Citando um alto oficial do governo, a publicação afirmou que a Índia estaria “muito interessada” no negócio, originalmente fechado pela empresa brasileira com a Boeing.

A potencial participação da Índia na Embraer foi revelada em maio pela Reuters, e logo depois confirmada pela própria empresa, que também citou a China como outra possível parceira. Mas na época, o governo indiano não se pronunciou sobre o assunto oficialmente.

“Estamos muito interessados. Estamos explorando alternativas”, disse a fonte, que reconheceu que o governo brasileiro já recebeu uma sondagem. O funcionário afirmou ainda que o financiamento da compra seria feita através do fundo soberano da Índia. O funcionário admitiu o risco de um acordo como esse num período de tantas incertezas, mas argumentou que não existe uma oportunidade como essa no mercado de aviação.

Outro fator que torna a Embraer é interessante é a queda do seu valor de mercado, agravado pela pandemia do coronavírus. Em outras palavras, os indianos poderiam pagar um preço bem mais baixo que o oferecido pela Boeing, de US$ 4,2 bilhões (cerca de R$ 24 bilhões em valores atuais) por 80% da divisão, ainda numa época em que a fabricante brasileira gozava de uma situação financeira mais saudável.

Indústria aeronáutica modesta

A Índia fabrica aeronaves há muitos anos, mas nunca conseguiu qualquer protagonismo nesse sentido. A mais importante empresa do setor é a HAL (Hindustan Aeronautics Limited), que foi fundada em 1940 e pertence ao governo indiano.

A empresa já produziu diversos modelos sob licença, entre aviões russos e europeus. A HAL também desenvolveu algumas aeronaves próprias como o helicóptero de ataque LCH, o caça Tejas e o Saras, um turboélice regional que lembra bastante o Embraer CBA-123 Vector. Nenhum deles, entretanto, obteve grande projeção.

A companhia aérea IndiGo: mercado de aviação deve se transformar em um dos maiores do mundo (Airbus)

Mercado em crescimento

Com a segunda maior população do mundo, a Índia tem passado por uma expansão no transporte aéreo nos últimos anos e é cotada para ser um dos maiores mercados do gênero, o que seria um chamariz para a Embraer. Com uma base no país, a empresa também poderia explorar a região com mais efetividade do que hoje.

A fracassada experiência com a Boeing, entretanto, pode tornar o acordo mais complexo. A Embraer acabou pagando caro por se preparar para criar a joint venture Boeing Brasil Commercial. Junte-se a isso uma possível relutância do governo brasileiro em ver o controle da fabricante nas mãos de outro país – embora não tenha influência no cotidiano da empresa, o estado ainda mantém o poder de veto para algumas situações estratégicas.

Em contato com o Airway, a Embraer informou que “não há planos de vender a unidade de aviação comercial ou de qualquer outra área de negócios. A companhia está aberta para discutir parcerias de crescimento voltadas para projetos específicos ou inserção em mercados”.

HAL Tejas
O caça indiano HAL Tejas é um dos poucos projetos locais (Venkat Mangudi)

Veja também: Embraer E19-E2 é flagrado na fábrica da Airbus

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