Porta-aviões que serviu com a Marinha da Índia por 30 anos até ser desativado em 2017, o INS Viraat será rebocado neste mês para Alang, no distrito indiano de Bhavnagar, onde fica o maior “cemitério de navios” do mundo.
Após um longo período de discussão sobre qual seria o destino da embarcação, o governo indiano descartou a ideia de transformá-lo em museu flutuante e decidiu enviar o antigo barco para o desmanche. A partes do navio que ainda podem ser aproveitadas serão vendidas como sucata.
É um triste fim para uma embarcação repleta de memórias históricas. Segundo porta-aviões operado na Índia, o Viraat foi comprado usado da Royal Navy, a marinha britânica, em 1986.
A serviço do Reino Unido, a embarcação navegou com o nome HMS Hermes entre 1959 e 1984. O navio de 27.800 toneladas de deslocamento é o último exemplar da classe Centaur, construídos entre 1944 e 1959.
O capítulo mais notório na história do porta-aviões que será desmontado em Alang foi sua participação na Guerra das Malvinas, em 1982, quando ainda pertencia à Royal Navy. A embarcação foi o principal meio de ataque dos britânicos no conflito contra a Argentina, servindo de base flutuante para os caças British Aerospace Sea Harrier, de pouso e decolagem verticais. O navio podia embarcar até 16 dessas aeronaves, além de 10 helicópteros Sea King e até 2.100 tripulantes.
A serviço da marinha indiana, o navio renomeado como INS Viraat (Gigante, em sânscrito) também operou com caças Harrier. Diferentemente dos grandes porta-aviões de propulsor nuclear em operação nos EUA, o barco usado na Índia não era equipado com sistemas de catapulta de lançamento de aeronaves. Em vez disso, ele tinha a uma rampa (ski-jump) na proa, por onde as aeronaves decolavam após uma curta corrida pelo convés de voo – método que reduz o consumo de combustível dos caças Harrier na fase de decolagem.
História jogada no lixo
Em 2018, o governo indiano sugeriu transformar o Viraat em museu. O navio ficaria atracado na costa de Nivati, na costa oeste do país, mas o plano logo foi descartado. Na época, Nova Delhi alegou que nenhuma das propostas para preservar o porta-aviões era financeiramente sustentável.
Houve também um movimento popular no Reino Unido para reaver a embarcação histórica e transformá-lo em museu. No entanto, a campanha não conseguiu arrecadar fundos para resgatar o antigo HMS Hermes.
O Viraat é o segundo porta-aviões da marinha indiana enviado para o desmanche. Em 2014, o INS Vikrant (Corajoso em sânscrito), que serviu no país entre 1961 e 1997, começou a ser desmontando próximo ao porto de Mumbai e o processo foi finalizado somente em 2018. O navio teve uma curta carreira como museu, de 2001 e 2012, mas foi fechado após ser considerado inseguro para o público.
A Marinha da Índia possui atualmente um porta-aviões em serviço, o INS Vikramaditya (Valente como o Sol), construído na Rússia e comissionado na marinha indiana em 2013. A embarcação do tipo ski-jump pode receber até 29 caças navais MiG-29K.
A Índia planeja a aquisição de mais cinco navios aeródromos, mas desta vez construídos localmente. O primeiro modelo dessa nova safra, que reviverá o nome Vikrant, deve ser finalizado em 2021.
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