A Embraer está cada vez mais decidida a apostar no mercado de turboélices de passageiros como seu principal negócio na aviação comercial. Durante entrevista no evento de entrega do primeiro E195-E2 para a Helvetic Airways nesta quarta-feira, 23, Arjan Meijer, CEO da Embraer Commercial Aviation, afirmou que espera lançar o inédito modelo no ano que vem.
“A Embraer ainda está muito focada no segmento. Ainda estamos trabalhando num turboélice e esperamos lançar o programa em 2022”, disse durante o webinar. Meijer prevê que a nova aeronave poderá entrar em serviço entre 2027 e 2028.
Para isso, no entanto, a fabricante brasileira pretende encontrar parceiros que ajudem a dividir o alto custo de desenvolvimento e diz que há várias conversas nesse sentido. A aeronave será maior do que os turboélices regionais mais populares do mercado como o ATR 72 e o Dash 8, com capacidade entre 70 e 100 assentos, e deve aproveitar parte do projeto da família E-Jet.
Segundo Meijer, a seção transversal da fuselagem será semelhante aos jatos E1 e E2, o que se traduziria num espaço interno bem superior aos concorrentes.
Silencioso
A confiança do executivo reside no fato de que os turboélices podem se transformar na plataforma ideal para novas tecnologias de propulsão em início de desenvolvimento, como um híbrido-elétrico ou movido a hidrogênio – aposta que a Airbus faz, incluindo um modelo parecido com o ATR.
Em declarações anteriores, a empresa revelou que o avião poderá ser lançado com uma propulsão convencional, mas ser preparado para possíveis mudanças de tecnologias. Ponto-chave, no entanto, é que o bimotor precisará oferecer um nível de ruído e vibração baixos a fim de eliminar um dos pontos considerados negativos para alguns passageiros.
Arjan garante que a aeronave oferecerá “melhor desempenho, com melhor desempenho de custo, níveis de ruído muito mais baixos”.
Na pesquisa anual em que faz suas previsões de demanda, a Embraer apontou a necessidade de 1.080 novos turboélices até 2029. A maior parte dessas aeronaves serão compradas por empresas da China e Ásia-Pacífico (490 unidades) e Europa (190). A lista continua pela ordem com América Latina (130), África (80), America do Norte (80), CIS (80) e Oriente Médio (30).
A fabricante afirmou que 75% dessa nova safra de jatos regionais e turboélices servirão para substituir jatos mais antigos e outros 25% na ampliação de frotas acompanhando o crescimento do mercado, que na visão da empresa deve retornar aos níveis de antes da pandemia somente em 2024.