Infraero assume o Aeroporto do Guarujá pelos próximos dois anos

Local, que abriga também a Base Aérea de Santos, será reformado para permitir operação de voos comerciais, afirma prefeitura do município
O aeroporto do Guarujá e a Base Aérea de Santos em primeiro plano: Infraero assume gestão do local (FAB)
O aeroporto do Guarujá e a Base Aérea de Santos em primeiro plano: Infraero assume gestão do local (FAB)

Uma antiga reivindicação da região da Baixada Santista enfim parece que se tornará realidade. No sábado, 30 de maio, a prefeitura do Guarujá e a Infraero assinaram um contrato para a gestão do Aeroporto Civil Metropolitano do Guarujá. A estatal assumirá a responsabilidade de adequar as instalações do local, que abriga também a Base Aérea de Santos, e prepará-lo para o recebimento de voos comerciais regulares num futuro breve.

Os trabalhos serão realizados em duas fases: a primeira prevê a “análise de estruturas como pista de pouso e decolagem, pátio de aeronaves, terminal de passageiros, entre outras, para a realização de investimentos e melhorias exigidos pelas normas da aviação civil”, afirmou a Infraero. Após isso, o aeroporto será homologado como aeródromo civil público e assim pleitear recursos federais para investimentos. O passo seguinte será obter a certificação operacional para aeronaves turboélices como o ATR 72 e posteriormente os jatos Boeing 737, Airbus A320 e Embraer E195.

“Assim, a Infraero poderá oferecer um serviço mais aprimorado para aviação geral e, gradativamente, os ajustes e melhorias possibilitarão futuras operações de voos comerciais regulares ligando Guarujá a outras regiões do País”, explicou o superintendente de Negócios da Infraero, Francisco Nunes.

Atualmente, o aeroporto possui uma pista simples com 1.400 metros de extensão, um pouco maior do que Santos Dumont, também ao nível do mar. Mas faltam auxílios de navegação e infraestrutura adequada para receber aeronaves como um terminal de passageiros e pátio para estacionamento.

Concessão inviável

A Base Aérea de Santos está perto de completar 100 anos de existência. Ela foi aberta em outubro de 1922 ainda como uma base de aviação naval da Marinha brasileira. Em 1927, o hidroavião Jahu, passou pelo local em sua famosa viagem. Com a criação do Ministério da Aeronáutica, em 1941, a base foi assumida pela Força Aérea que no final dos anos 60 implementou o Centro de Instrução e Empregos de Helicópteros, para treinamento de pilotos e mecânicos, função que manteve por muitos anos mesmo com a mudança na estrutura da FAB.

O hidroavião Jahu visitou a base de aviação naval de Santos nos anos 20

Já há alguns anos, no entanto, o local passou a ser alvo de projetos de ser transformado num aeroporto comercial e assim facilitar o acesso pelo ar à Baixada Santista, região que abriga quase 2 milhões de habitantes em seus nove municípios. Mas a burocracia acabou atrasando esses planos até que no ano passado a prefeitura do Guarujá decidiu lançar uma licitação para conceder o aeroporto à iniciativa privada.

Na época, a expectativa era de oferecer o aeroporto com uma outorga anual mínima de R$ 1 milhão e um período de concessão de 28 anos. Estimava-se um investimento de cerca de R$ 50 milhões, bancados exclusivamente pelo futuro concessionário, e que incluía até um píer para facilitar o acesso ao terminal de passageiros do porto de Santos. No entanto, a falta de condições econômicas agravadas pela pandemia do coronavírus motivou a prefeitura a desistir momentaneamente do projeto e optar por cedê-lo à Infraero.

A estatal deve administrar o aeroporto pelos próximos dois anos, período em que deverá terminar o leilão dos terminais aeroportuários administrados por ela, como Congonhas e Santos Dumont. Por essa razão, o futuro do aeroporto do Guarujá ainda é um tanto obscuro, mas o potencial para atrair voos parece ser algo bastante grande.

No ano passado, por exemplo, a Azul anunciou que lançaria voos da Baixada Santista para o Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba assim que reformas básicas fossem realizadas no aeroporto. No entanto, o plano não saiu do papel, apesar do estímulo do governo do estado ao reduzir a alíquota de ICMS sobre combustíveis.

De fato, a ausência de um aeroporto regional no litoral paulista soa como algo bastante incoerente no cenário da aviação comercial brasileira. Embora São Paulo esteja a cerca de uma hora de viagem por rodovias de boa qualidade, o tempo gasto nesse deslocamento poderia ser utilizado em rotas de curta distância e que facilitariam o acesso ao porto de Santos, o maior da América Latina, e também a destinos turísticos. Espera-se que a gestão da Infraero mude esse quadro o quanto antes.

Os modelos da ATR são os turbo-hélices mais procurados pela aviação regional (Azul)
A Azul chegou a anunciar voos do Guarujá em 2019 mas que dependiam da reforma do aeroporto (Azul)

Veja também: Fim do sono tranquilo: aeroporto de Congonhas terá retomada de voos em junho

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