Após mais de um década trabalhando em segredo, a Airbus abriu o jogo sobre o projeto LOUT, sigla em inglês para “Low Observable UAV Testbed” (algo como “plataforma de testes não tripulada de baixa detecção”), conceito que dá um deslumbre de como devem ser os aviões militares do futuro.
O projeto elaborado pelo grupo aeroespacial europeu foi encomendado pelo Ministério da Defesa da Alemanha, que busca refinar seus conhecimentos e tecnologias para desenvolver aeronaves furtivas (stealth), também conhecidas como aviões “invisíveis” (aos radares).
Segundo a fabricante europeia, os estudos com o LOUT começaram em 2007 e a construção do demonstrador estático em forma de asa voadora foi concluída em 2017. O conceito tem uma envergadura aproximada de 12 metros e comprimento semelhante, enquanto seu peso gira em torno de 4 toneladas, informou a Airbus.
Além da preocupação em “driblar” radares, o conceito da Airbus também foi concebido para gerar o mínimo de ruído. Para avaliar essas capacidades, o demonstrador foi testado em câmaras aerodinâmica e anecoica, que não reflete ondas sonoras e eletromagnéticas.
Como explica a Airbus, a exigência por um veículo com baixo nível de ruído levou a empresa a aprimorar suas técnicas de baixa detecção para projetar as portas do trem de pouso e o compartimento interno central de armas.
Embora tenha formas um tanto avançadas, o gerente do programa LOUT, Mario Hertzog, disse ao Flight Global que o design do conceito é adequado somente para voos subsônicos (inferior a 1.234 km/h).
Ainda de acordo com Hertzog, a motorização proposta para o demonstrador é um turborreator convencional, mas com dutos de admissão e saída projetados de modo a refletir ondas de radar e diminuir a assinatura infravermelho e acústica do aparelho.
A Airbus confirma que concluiu o trabalho contratado no LOUT, mas afirma que desenvolvimentos adicionais podem ser realizados. A fabricante, no entanto, não revelou se a Alemanha pretende avançar com um campanha de testes de voo com esse sistema.
O gerente do programa acredita que as lições aprendidas com o LOUT poderão ser aplicadas em evoluções para o caça Eurofighter Typhoon, hoje o principal avião de combate da Luftwaffe, a força aérea alemã, além de contribuir no desenvolvimento do projeto franco-alemão-espanhol FCAS (acrônimo em inglês para “Futuro Sistema de Combate Aéreo”), que deve originar o caça de última geração da Europa em 2040.
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