O Reino Unido obteve um importante aliado para o seu projeto de um caça de 6ª geração batizado como Tempest. A Itália anunciou nesta quarta-feira que fará parte dos esforços conjuntos para desenvolver soluções que levem à fabricação de uma nova aeronave de superioridade aérea europeia. Em julho, a Suécia, por meio da Saab, também aderiu ao programa britânico, contudo, ainda sem confirmar que o novo jato substituirá o Gripen no futuro.
Os britânicos lançaram sua iniciativa isolada para um caça stealth no ano passado, em contraste com França e Alemanha, que também buscam o mesmo objetivo em conjunto. O programa franco-alemão ganhou a adesão da Espanha em junho, reforçando o potencial do projeto e jogando uma sombra de dúvida no rival inglês. Mas com a entrada da Suécia e da Itália, a situação está equilibrada, embora ainda um tanto quanto fragilizada pela necessidade de grandes investimentos para viabilizar ambos os programas.
De acordo com o acordo assinado entre o Reino Unido e Itália, às empresas BAE Systems, Leonardo UK, Rolls Royce e MBDA UK se juntarão a Leonardo Italy, Elettronica, Avio Aero e MBDA Italy – além da Saab. Italianos e britânicos também desenvolverão tecnologias que poderão ser usadas no F-35 e no Eurofighter Typhoon, além do Gripen, no caso dos suecos.
“Nosso histórico comprovado de colaboração bem-sucedida com a indústria italiana nos assegura que essa parceria entre nossas duas nações é uma forte opção para o Tempest e demonstra o impulso crescente por trás desse importante empreendimento internacional”, comemorou Charles Woodburn, CEO do Grupo BAE Systems.
“O acordo de hoje é um próximo passo essencial para este programa emocionante e estrategicamente importante. Como CEO da Leonardo, estou confiante nessa colaboração, pois todos os dias vejo como os engenheiros do Reino Unido e da Itália, trabalhando juntos, conseguem coisas incríveis”, afirmou Alessandro Profumo, CEO da Leonardo.
Histórico de cooperação
A despeito das rugas constantes, europeus geralmente têm cooperado em diversos programas de aeronaves nas últimas décadas. Mas até hoje não houve um consenso tão grande a ponto de os maiores países (Alemanha, França e Reino Unido) tirarem do papel uma única aeronave que servisse para a maior parte dos países.
A iniciativa mais bem sucedida foram o Panavia Tornado, que foi desenvolvido por ingleses, alemães e italianos, e o Eurofighter Typhoon, que reuniu o Reino Unido, Alemanha, Espanha e Itália. Os franceses, que geralmente não abrem da liderança nesses programas, acabaram chegando a um acordo com a Alemanha em seu programa de caça avançado, embora a Dassault tenha se associado com a Airbus SE, que reúne antigos fabricantes franceses.
Diante dos avanços dos chineses e mesmo russos, além do domínio tecnológico dos Estados Unidos, seria fundamental que os europeus chegassem a um consenso para tocar apenas um projeto em comum, hoje algo que parece improvável. Mas há tempo para que as negociações evoluam afinal o Tempest e seu rival franco-alemão só devem entrar em operação por volta de 2040.
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