Uma parceria militar inesperada entre o Japão e o Reino Unido pode ser formalizada em breve. Segundo reportagem da agência Reuters, os dois países estão próximos de um acordo para combinar seus programas de caças de sexta geração Tempest e F-X até o fim deste ano.
A publicação, que ouviu três fontes anônimas com conhecimento do assunto, apontou que as partes envolvidas no acordo buscam opções para reduzir os custos de desenvolvimento, bem como os valores unitários das aeronaves.
O programa F-X do Japão é gerenciado pela Mitsubishi Heavy Industries e o Tempest é projetado sob liderança da BAE Systems. Itália e Suécia também são parceiros dos britânicos no projeto de caça de sexta geração, representados pela Leonardo e SAAB, respectivamente.
“O principal objetivo é construir um jato comum, que pode ter pequenas diferenças de design para cada país”, disse uma fonte consultada pela Reuters. Outra relatou que o Reino Unido ficaria responsável pelas exportações do caça na Europa e o Japão no mercado asiático.
Para o Japão, um projeto colaborativo com o Reino Unido é um movimento fora da curva. Seria a primeira vez que japoneses buscariam um parceiro não americano para um programa militar desde o final da Segunda Guerra Mundial.
“Esta seria uma parceria igualitária entre Japão e Grã-Bretanha”, relatou uma das fontes à publicação. “Vai custar dezenas de bilhões de dólares.”
O custo do programa F-X é estimado em cerca de US$ 40 bilhões, dos quais US$ 700 milhões foram investidos este ano, ao passo que o Tempest tem um orçamento de 2 bilhões de libras (US$ 2,38 bilhões) até 2025.
Em resposta a Reuters, o Ministério da Defesa do Japão informou pode “decidir como podemos cooperar até o final deste ano e estamos considerando várias possibilidades”. O Ministério da Defesa da Reino Unido não comentou.
A fusão dos programas também pode ser mais um avanço importante para o Reino Unido no desenvolvimento no novo caça, que já tem participação da Suécia e Itália. Ao mesmo tempo, outro programa de aeronave de sexta geração em curso na Europa, o FCAS, ainda engatinha. O projeto envolve a Alemanha e a Espanha, por meio da Airbus, e França, representada pela Dassault Aviation.
A receita dos caças de sexta geração
A chamada “sexta geração” é um indicativo da cronologia histórica e os requisitos de conteúdo tecnológico de aeronaves de caça, também descrita com subdivisões. Os caças de primeira geração, datam do final da Segunda Guerra Mundial, como o jato alemão pioneiro Me 262, uma aeronave de performance subsônica e com armamentos convencionais. Na fase seguinte, a segunda geração incorporou a capacidade supersônica, radar e mísseis.
Os caças da Força Aérea Brasileira, por exemplo, estão em fases distintas. O Northrop F-5 Tiger II, por ora a principal aeronave de defesa do Brasil, é um jato de segunda geração. O modelo brasileiro atualizado para o padrão F-5EM, porém, possui equipamentos de nível da geração 4. Já os novos F-39E Gripen, são modelos da geração 4,5 – uma aeronave de quarta geração com itens de quinta geração.
Saltando para a sexta geração, um tipo de aeronave que deve surgir somente na década de 2030, os militares pedem soluções de altíssima tecnologia.
A receita básica do caça de sexta geração precisa de recursos digitais avançados, incluindo redes de comunicação de alta capacidade, inteligência artificial e equipamentos de guerra cibernética. As aeronaves ainda devem ter opções tripuladas ou controladas remotamente ou mesmo por IA.
Aprimorando a capacidade que marcou os jatos de quinta geração, os caças da fase seguinte terão design furtivo avançado (com baixa assinatura radar), armas BVR (Além do Alcance Visual) com maior alcance e sistemas de laser de alta energia. Já os motores devem ser capazes de oferecer performance de cruzeiro supersônico e soluções para redução do consumo de combustível.