Um jato regional ARJ21 retornou para a sede da fabricante COMAC em Xangai nesta quinta-feira, 30, após concluir uma série de testes no aeroporto Daocheng Yading, o mais alto do mundo, localizado a 4.411 metros acima do nível do mar.
Em comunicado, a fabricante estatal chinesa disse que “examinou minuciosamente a capacidade de operação da aeronave em um ambiente de aeroporto de alto platô” e que isso “expandirá ainda mais” a altitude máxima de decolagem e aterrissagem do jato.
“Os testes verificaram que o ARJ21 é capaz de operar em todos os aeroportos de alto platô e abriram o caminho para as companhias aéreas usarem a aeronave para abrir mais rotas de alta altitude” informou a COMAC.
O aeroporto mais alto do mundo recebe atualmente voos da Air China e da China Southern Airlines, empresas que recentemente receberam seus primeiros ARJ21 da COMAC. Inaugurado em 2013, o terminal aéreo na província de Sichuan tem uma pista com 4.200 metros de comprimento por 45 m de largura. É um aeródromo com classificação 4C e pode receber jatos comerciais de médio porte, tais como Airbus A320 e Boeing 737 (além de jatos menores e turboélices).
A COMAC já havia realizado testes com o ARJ21 em grandes altitudes em 2013 e 2017, nos aeroportos de Golmud (a 2,842 m acima do nível do mar) e Huatugou (2,945 m), no oeste da China, respectivamente.
Atestar a eficiência do ARJ21 em pistas elevadas é fundamental para o projeto da COMAC. Aeroportos construídos em grandes altitudes são comuns na China, entre eles oito dos 10 aeroportos mais altos do mundo. Até 2008, esse ranking era liderado pelo aeroporto El Alto, na Bolívia, construído a 4.061 m acima do nível do mar. Hoje ele ocupa a quinta colocação, atrás de aeroportos chineses.
Operar a partir de grandes altitudes é um dos maiores desafios da aviação. Quanto mais elevada a posição da pista, menor é a pressão atmosférica e isso altera a performance dos aviões. Se esse lugar ainda for quente, a dificuldade aumenta. Essa condição é chamada na aviação de “Hot and High” e as aeronaves precisam de ajustes especiais para aterrissar e decolar em aeroportos desse tipo.
Talvez por efeito da altitude, a carteira de pedidos do ARJ21 soma mais de 300 aeronaves, com mais 90 opções de compra. Todas as encomendas firmes pelo jato são de empresas chinesas, incluindo as três maiores companhias aéreas estatais do país, Air China, China Southern e China Eastern Airlines.
Um milhão de passageiros transportados
Em serviço desde 28 de junho de 2016, o ARJ21 alcançou recentemente a marca de um milhão de passageiros transportados. O marco foi alcançado no voo EU6674 da Chengdu Airlines, entre os aeroportos Shangrao Sanqingshan e o Chengdu Shuangliu.
Primeiro cliente do jato chinês, a Chengdu Airlines voa atualmente com 21 aeronaves ARJ21 em 45 rotas domésticas e um trecho internacional (o voo entre Harbin e Vladivostok, na Rússia). Outros operadores do modelo na China são a Genghis Khan Airlines e a Jiangxi Air, além das três gigantes do país.
O ARJ21 é o primeiro jato comercial fabricado na China, embora não seja totalmente original. O projeto é o resultado de um contrato assinado entre a McDonnel Douglas e autoridades chinesas nos anos 1980. A aeronave chinesa usa a base do antigo jato americano DC-9, mas com itens de cabine, equipamentos de voo e outros sistemas modernizados.
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