Seria uma chance única de ver lado a lado os três jatos comerciais da categoria mais popular da aviação pela primeira vez, mas a Boeing e a Airbus não deverão levar o 737 MAX e o A320neo para o Singapore Airshow, onde estará o chinês C919.
O evento que ocorrerá entre 20 e 25 de fevereiro será o palco da primeira demonstração aérea do COMAC C919 fora da China.
A Airbus, entretanto, decidiu levar apenas o A350-1000 para o evento, sem a presença de qualquer membro da família A320neo, a princípio – não será surpresa se algum operador local levar um jato desse tipo.
Siga o AIRWAY nas redes: WhatsApp | Telegram | Facebook | LinkedIn | Youtube | Instagram | Twitter
A Boeing, por sua vez, está em meio à mais uma crise causada pelo 737 MAX e não programou qualquer aeronave comercial no show aéreo, apenas seus aviões militares como o F-15EX.
Pedidos potenciais
Apesar da ausência das suas aeronaves, a Boeing pode se destacar em virtude do esperado anúncio de um grande pedido de até 80 widebodies 787 Dreamliner para a Thai Airways.
A transportadora tailandesa confirmou nos últimos dias que chegou a um acordo firme por 45 aeronaves com a Boeing (mais opções) e que usarão motores GE. Os novos 787-9 deverão ser recebidos a partir de 2027.
A Airbus, por sua vez, deverá focar em seus jatos de longa distância, incluindo também o A330neo, mas novos pedidos de jatos de um corredor são sempre uma possibilidade.
C919, uma alternativa cada vez mais real
Diante da discrição das duas maiores fabricantes de aeroanves comerciais, a estatal COMAC poderá aproveitar o momento para atrair potenciais interessados pelo C919, jato comercial mais avançado já desenvolvido na China.
A aeronave de cerca de 164 assentos está numa fase de expansão da produção após ter entregue quatro aeronaves para a China Eastern Airlines, sua única operadora até aqui.
Enquanto não há preocupações quanto à demanda de clientes chineses (a lista de pedidos é enorme), a COMAC ambiciona exportar o C919 e para isso busca a certificação de tipo da EASA, a autoridade de aviação civil europeia.
A meta esbarra em restrições na cadeia de suprimentos, contudo. Embora seja um produto local, o C919 depende de muitos componentes ocidentais como os motores Leap-1C, da CFM.
Veja mais: Embraer levará seus principais aviões ao Singapore Airshow 2024
A fabricante trabalha para substituir itens por similares chineses, mas o processo deverá levar anos.
As dificuldades da Airbus e da Boeing para dar conta da demanda por jatos comerciais de um corredor, entretanto, tornam o C919 uma alternativa cada vez mais real.