A COMAC, hoje a principal fabricante de aviões da China, recebeu nesta semana mais 30 pedidos pelo C919, do China Everbright Financial Leasing, um grupo chinês de leasing – que posteriormente vai oferecer essas aeronaves a companhias aéreas. Com essa nova negociação, o jato chinês alcançou 600 pedidos de 24 clientes.
A maioria dos compradores do C919 são companhias aéreas e empresas da China. As exceções são a companhia City Airways, da Tailândia, e o grupo de leasing GE Capital Aviation Services, dos Estados Unidos. O operador de lançamento da aeronave será China Eastern Airlines, a maior companhia aérea chinesa. A estreia do jato chinês está programada para 2020.
Em meio a muito expectativa, o primeiro voo do C919 aconteceu em maio deste ano e desde então a aeronave vem sendo testada. O modelo é proposto para concorrer no segmento dos jatos comerciais narrowbody (fuselagem estreita), hoje dominado pelos tradicionais Airbus A320 e o Boeing 737.
You Liyan, diretor de engenharia da COMAC, contou à imprensa chinesa que a aeronave deve ser homologada em cerca de três anos. Após obter a certificação, o Liyan afirmou que a empresa está comprometida em fabricar entre 20 e 50 unidades do C919 no primeiro ano. Após 2020, segundo o diretor, a taxa de produção deverá aumentar para 150 aviões.
Em 2035, a COMAC pretende conquistar até um terço do mercado chinês de jatos narrowbody, que vai exigir mais de 5.500 novos aviões. É esperado que esse volume de aeronaves movimente algo em torno de US$ 670 bilhões nos próximos 20 anos.
Segundo a fabricante chinesa, a versão básica do C919 poderá acomodar 158 passageiros divididos em duas classes ou 168 ocupantes em classe única. A COMAC ainda sugere uma configuração de “alta densidade”, com 174 assentos. Já o alcance do modelo padrão é 4.075 km ou 5.500 km na versão de alcance estendido “C919 All ECO”.
E a concorrência?
O número de pedidos pelo C919 é alto, mas ainda não chega nem perto do volume de encomendas dos modelos mais requisitados da categoria. A Airbus conta neste momento com 5.501 encomendas pelos jatos da família A320 (incluindo os modelos de nova geração A320neo), enquanto a Boeing soma 4.430 ordens pelo 737 (também contando os modelos da nova geração 737 MAX).
Outra aeronave que vai entrar nessa mesma disputa é o Irkut MC-21, fabricado na Rússia. O primeiro voo do aparelho foi realizado no final de maio e sua estreia comercial também é prevista para 2020. O avião russo já conta com 192 pedidos de compra.
O jato chinês, por outro lado, leva grande vantagem na tabela de preço: a COMAC fixou o preço da aeronave em US$ 50 milhões, praticamente a metade do valor pedidos pelas versões mais recentes do A320 e 737. O MC-21 também tem valor atrativo: cerca de US$ 70 milhões.
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