O jato comercial chinês C919 produzido pela fabricante estatal COMAC iniciou nesta semana uma série de testes de voo em condições extremamente frias, em Hulunbuir, no norte da China.
Segundo a agência China News Service, as provas têm como objetivo avaliar os sistemas e equipamentos da aeronave em clima congelante. Hulunbuir é uma das cidades mais frias da China e no inverno registra temperaturas de menos 25° Celsius.
O governo de Hulunbuir quer transformar a região em referência para testes de equipamentos e veículos variados em clima frio. A cidade trabalha em parceria com a COMAC para construir um centro de pesquisa e promover o avanço da indústria de aviação geral local.
Proposto para concorrer com os tradicionais Airbus A320 e Boeing 737, o C919 foi lançado pela COMAC em 2008. Após uma série de atrasos no projeto, o primeiro protótipo decolou em 5 de maio de 2017.
Recentemente, a COMAC declarou ter finalizado o projeto do C919, abrindo o caminho para a agência de aviação civil da China iniciar os testes de voos finais e o processo de certificação da aeronave no país. Isso também significa que a fabricante não pode mais efetuar grandes ajustes na estrutura da aeronave. Caso isso ocorra, o processo de certificação volta a estaca zero.
Mais de 800 pedidos
Ainda sem grandes ambições internacionais, a COMAC é uma fabricante estatal e tem como principal objetivo abastecer primeiramente o mercado aéreo chinês, hoje o segundo maior do mundo e no caminho para se tornar o primeiro, superando os EUA. No futuro, a empresa pode tornar a China independente da compra massiva de aviões fabricados no Ocidente, como ocorre atualmente.
O C919 é projetado para competir na mesma categoria dos tradicionais Airbus A320 e Boeing 737, os jatos comerciais mais vendidos do mundo. Segundo dados da fabricante, o jato chinês tem capacidade para receber até 168 passageiros e alcance em torno de 4.000 km.
A COMAC informa em seu site (sem diferenciar pedidos firmes e opções de compra) que possui 815 pedidos pelo C919 de 28 compradores diferentes, sendo a maioria de empresas chinesas. O primeiro cliente da aeronave será a China Eastern Airlines, a segunda maior companhia aérea da China.
Um dos objetivos da fabricante é produzir 2.000 exemplares do C919 nos próximos 20 anos para abastecer o mercado doméstico. A meta parece ousada, mas é totalmente plausível por um motivo: o governo chinês controla a maioria das companhias aéreas do país e exigirá que elas comprem os produtos da COMAC, como já vem acontecendo com o jato regional ARJ21. Não à toa, a empresa estatal já tem uma lista de pedidos cinco vezes maior que a da Embraer.
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Muito bom , parabéns.