Há mais de uma década em desenvolvimento, o ambicioso jato de passageiros C919, da COMAC, teria sofrido um novo revés em dezembro. Segundo a Reuters, a fabricante chinesa teria constatado que erros de cálculo subestimaram a carga que seria aplicada aos motores e suportes, enviando dados imprecisos para a CFM International, fornecedora dos turbofans LEAP-1C usados pela aeronave.
De acordo com a agência de notícias, que ouviu quatro fontes diferentes familiarizadas com o assunto, será preciso reforçar a estrutura que suporta os motores, o que irá atrasar ainda mais o programa de certificação. Mas não é o único problema recente do C919. A COMAC também teria encontrado rachaduras nos estabilizadores horizontais das primeiras aeronaves construídas e que ainda não foram reparados. Além disso, um caixa de engrenagem instalada junto aos motores também seria vulnerável a fissuras, e que causaram uma o desligamento de um turbofan num voo de teste. As rachaduras seriam causadas por vibração, problema que também já afetou outras fabricantes de turbofans como Pratt & Whitney e Rolls-Royce.
Certificação mais distante
Os novos imprevistos deverão postergar ainda mais a certificação do C919, embora a COMAC negue atrasos. Antes esperada para o final de 2020 ou começo de 2021, a aprovação do jato pela CAAC, a agência de aviação civil chinesa, pode ocorrer após 2022, afirmaram as fontes da Reuters.
Um dos aspectos que reforçam essa impressão está no baixo número de horas voadas pelos protótipos até agora. Embora o primeiro avião tenha voado pela primeira vez há quase três anos, menos de um quinto das 4,200 horas de voo necessárias para a certificação foram atingidas. Em dezembro, o programa do C919 ganhou um reforço com o sexto jato de testes tendo sido finalizado, um fiasco para os planos do governo chinês que deseja ser auto-suficiente na produção de aeronaves comerciais.
Com 815 intenções de compra, quase todos de companhias aéreas e empresas de leasing da China, o C919 é um dos dois únicos jatos de um corredor com porte e características semelhantes ao Boeing 737 e Airbus A320 – o outro é o MC-21-300, da Rússia.
A COMAC promete oferecer o C919 com desempenho equivalente ao A320, mas por um preço bem mais acessível. A aeronave utiliza vários componentes ocidentais, porém, os EUA têm acusado a China de espionagem industrial para acelerar o desenvolvimento de peças e equipamentos locais como justamente seus motores LEAP-1C.
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