Primeiro jato de passageiros desenvolvido inteiramente na China, o C919 da fabricante estatal COMAC está liberado para ser produzido em massa. O certificado de produção da aeronave foi emitido nessa terça-feira (29) pela Administração de Aviação Civil da China (CAAC, na sigla em inglês).
O certificado de produção é a etapa seguinte a homologação para voos comerciais de uma nova aeronave. É um documento que comprova que cada unidade que saia da linha de montagem esteja dentro das tolerâncias previstas em projeto. Essa certificação também garante que os processos de fabricação estão devidamente implantados, como procedimento de recebimento de matérias-primas, inspeções de qualidade, métodos de medição e calibração de equipamentos, entre outros.
No caso do C919, o certificado de produção foi emitido apenas dois meses após a aeronave receber a homologação da CAAC para voos comerciais. É uma situação bem diferente do jato regional ARJ21, o outro produto da COMAC, que foi liberado para voar com passageiros em 2015, mas somente em 2017 a fabricante foi autorizada a produzir o avião em massa.
Em comunicado, a COMAC considerou o certificado de produção um “marco importante” no programa C919, que foi iniciado em 2008 e enfrentou diversos atrasos. A fabricante agora se prepara para entregar o primeiro exemplar de produção da aeronave à companhia China Eastern Airlines, que tem um pedido firme por cinco aeronaves e opções de compra para mais 15 unidades.
O jato chinês também foi encomendada por pelo menos outras 30 companhias aéreas e instituições chinesas. De acordo com o website da fabricante, o C919 tem mais de 800 pedidos. A página, no entanto, ainda não contabiliza as 300 aeronaves encomendadas por empresas de arrendamento ainda não identificadas efetuadas no começo de novembro durante o show aéreo de Zhuhai.
O C919 é um jato comercial de fuselagem estreita e proposto para competir com os tradicionais Airbus A320 e Boeing 737, que atualmente são os aviões de passageiros mais vendidos do mundo. Segundo dados da COMAC, o avião comporta até 168 ocupantes e tem autonomia de voo na faixa dos 4.075 km – a COMAC também trabalha no desenvolvimento do C919ER, com alcance estendido para 5.555 km.
C919 ainda não pode ser exportado
O novo jato da COMAC, por ora, terá atuação restrita ao mercado de aviação da China e em países com laços estreitos com Pequim. Sua exportação, sobretudo para operadores no Ocidente, depende da certificação de órgãos aeronáuticos internacionais, como a FAA, dos Estados Unidos, e a EASA, da Europa, que por sinal trabalha na validação do jato chinês desde 2017.
Todavia, apesar de seu lento desenvolvimento, o C919 chega ao mercado com um preço altamente competitivo. A aeronave é avaliada em cerca de US$ 50 milhões, cifra bem abaixo dos valores de tabela das versões mais recentes do Airbus A320 e do Boeing 737.