Já pensou ficar dentro de um avião por mais de 20 horas ininterruptas voando? Pois é o que propõe o jato acima, o A350-900ULR, avião comercial com maior alcance da história. O primeiro exemplar deixou a área de montagem da Airbus nesta semana para seguir para o que a empresa chama de fase de testes e checagens de seus sistemas antes de receber seus motores Trent XWB, da Rolls-Royce.
A sigla ULR não é à toa: significa “ultra longo alcance” que, nos padrões da Airbus se traduz numa autonomia de 9.700 milhas naúticas ou quase 18 mil quilômetros. É distância suficiente para ir de São Paulo até Bangkok, na Tailândia, sem escalas e com folga. Não é por acaso que a Singapore Airlines, a “dona” do avião da foto pretende utilizá-lo num voo entre Cingapura e Nova York no final do ano que vem quando ele entrará em operação. São 15.4000 km entre cidades, o que fará desse voo o mais longo do mundo (caso não tenhamos nenhuma surpresa).
Atualmente, o jato com maior alcance é o 777-200LR, da Boeing, capaz de voar por 9.420 milhas náuticas (17.445 km), seguido pelo quadrirreator A340-500, da Airbus, mas que atualmente tem poucos exemplares ativos.
Curiosamente, os voos mais longos em operação hoje percorrem cerca de 14,5 mil km, bem menos que a capacidade de seus aviões como o 777-200LR (Auckland-Doha) e 787-9 (Londres-Perth, na Austrália). Uma das possíveis razões pode ter a ver com o desgaste que passageiros possam ter em permanecer tanto tempo dentro de um ambiente confinado. Os novos 787 e A350 oferecem algum alívio nesse sentido pela melhor qualidade de seus sistemas de pressurização, mas em geral também cansam, dependendo da distância.
Mas, afinal, por que o A350-900ULR é capaz de voar tão longe? Segundo a Airbus, o segredo começa num sistema de alimentação de combustível que permite levar 24 mil litros de querosene sem a necessidade de tanques extras. O jato também recebeu aprimoramentos aerodinâmicos bem como novos winglets. Com isso é capaz de voar quase 2.500 km a mais que a versão convencional.
A Airbus espera homologar rapidamente o A350 “ULR” num prazo estimado de um ano. Como tem uma capacidade pouco usual, o jato deve atrair apenas algumas companhias que necessitam de um “fôlego” a mais para atender alguns destinos. A Singapore, por exemplo, encomendou sete unidades do “ULR”, de um total de 67 unidades do A350 que terá em sua frota.
O A350ULR não ficará muito tempo sozinho nessa categoria especial. A Boeing já desenvolve o 777X, versão que também será capaz de voar bem longe.
Veja também: Airbus testa novo A321LR na rota Paris-Nova York