Imagine se a ANAC fosse tão exigente e preocupada com o ruído e poluição causados por jatos a ponto de limitar as operações nos aeroportos de Congonhas, em São Paulo, e Santos Dumont, no Rio de Janeiro, localizados em áreas centrais e urbanizadas das maiores cidades brasileiras.
E que para ganhar a aprovação para voar nos dois aeroportos fosse preciso realizar aproximações mais íngremes, para manter-se distantes das residências e prédios do entorno.
Pois bem, se no Brasil esse tipo de preocupação passa longe das autoridades, em Londres, no Reino Unido, para operar no London City, o pequeno aeroporto (nem tão) central da cidade, só ganha autorização avião que obedece ao chamado “steep approach”, ou aproximação íngreme em inglês.
Menor dos cinco aeroportos londrinos, o City só recebe a visita de turboélices e alguns jatos como o Airbus A220 e os Embraer E-Jets, incluindo o E190-E2. Agora, no entanto, também o E195-E2, maior aeronave comercial brasileira, poderá pousar no aeroporto.
A EASA, a Agência Europeia para a Segurança da Aviação, concedeu a certificação para que o jato possa operar no concorrido terminal aéreo. Segundo a Embraer, o processo de certificação ressaltou o baixo nível de ruído do E195-E2, 60% menor do que aeronaves de geração anterior.
Somada à sua economia de combustível e menor emissão de poluentes, o maior jato da Embraer passa a oferecer uma grande vantagem aos passageiros que utilizam o aaeroporto, como ressaltou Alison FitzGerald, diretora de operações do London City Airport.
“A certificação do E195-E2 inaugura uma nova fase para o London City. Com sua capacidade de transportar mais passageiros, menor emissão de ruídos e mais eficiência em combustível, o E915-E2 evidencia nosso compromisso de trabalhar de maneira próxima com os fabricantes de aviões de nova geração para certificar jatos mais limpos e silenciosos. Estamos ansiosos para o início das operações com o E195-E2 pelas companhias aéreas”, comemorou.
A primeira visita do E195-E2 ao London City ocorreu em julho de 2022, logo após o Farnborough Airshow, e desde então a Embraer aguardava a aprovação. Entre as potenciais beneficiadas com a certificação está a KLM Cityhopper, regional da companhia aérea holandesa que tem a maior frota do modelo na Europa.
Mas outras operadoras como a Helvetic Airways, da Suíça, e que já voa com o E190-E2 para Londres, poderão expandir os serviços no aeroporto. Além disso, é mais um argumento de venda da aeronave.
“O London City é um aeroporto especial para a Embraer e único de muitas maneiras, não apenas por seus famosos 20 minutos da calçada ao portão de embarque. Nossos jatos dominam as operações no aeroporto com 85% dos voos, o que nos orgulha muito. Isso ocorre graças ao desempenho das aeronaves, que não exigem o bloqueio de assentos para reduzir seu peso. Os jatos da Embraer já respondem por grande parte das movimentações de um aeroporto com condições exigentes e esperamos que o E195-E2 faça parte dessa história de sucesso”, afirmou Marie-Louise Philippe, nova vice-presidente de Vendas & Marketing da Embraer Aviação Comercial na Europa e Ásia Central, que acaba de assumir o cargo.
Já imaginaram se a mesma visão fosse adotada em nosso país? Os E2 tomariam os pátios de Congonhas e Santos Dumont no lugar dos 737 e A320. E as duas cidades ganhariam com menos poluição e barulho.
No Brasil as autoridades jogam contra o cidadão e contra o país.