As suspeitas de que o jato Embraer E190 da Azerbaijan Airlines teria sido atingido pelo sistema de defesa aérea da Rússia na Chechênia surgiram logo após imagens dos destroços da aeronave mostrarem buracos de estilhaços na cauda.
Nesta quinta-feira, 26, oficiais do governo do Azerbaijão que acompanham as investigações confirmaram à Reuters que a aeronave de matrícula 4K-AZ65 foi de fato derrubada pela ação do sistema de mísseis Pantsir-S.
Azerbaijani officials say AZAL Embraer 190 was hit by Russian air defenses in Chechnya #AzerbaijanAirlines pic.twitter.com/typOJzc6c8
— Air Data News (@airwayaviation) December 26, 2024
O voo J2-8243 havia decolado de Baku com destino à Grozny, na Chechênia, durante o Natal, mas após tentar pousar no aeroporto local acabou impedido em virtude do fechamento do espaço aéreo durante um ataque de drones na região.
Os tripulantes do jato decidiram voar em direção ao oeste, atravessando o Mar Cáspio até a margem do Cazaquistão, onde tentaram um pouso de emergência em Aktau, mas a aeronave caiu minutos antes de chegar à pista.
Dos 67 ocupantes, 38 morreram, mas alguns sobreviventes chegaram a deixar os destroços do avião caminhando.
Interferência no ADS-B e burcos de estilhaços na aeronave
Logo após o acidente, a Rosaviatsia, agência de aviação civil russa, chegou a afirmar que o jato da Azerbaijan havia colidido com pássaros enquanto a torre do aeroporto informou que o tempo havia impedido o pouso.
No entanto, alguns indícios fizeram surgir suspeitas que algo mais ocorria na Chechênia. Além do ataque de drones, os sinais de ADS-B sofreram com interferências, dificultando a leitura dos dados da aeronave.
O comportamento da aeronave em seus instantes finais sugere que os pilotos lutaram para mantê-la em voo, com manobras para elevar a altitude e então mergulhos para evitar um estol, um possível sinal que as superfícies de controle foram afetadas.
Vídeos gravados por passageiros mostraram que as máscaras de oxigênio haviam sido acionadas e que um pedaço do extensor do flap esquerdo estava danificado.
A família de jatos regionais E-Jets, da Embraer, conta mais de 1.800 aeronaves entregues em pouco mais de 20 anos em serviço.
Apenas dois acidentes fatais haviam ocorrido antes do avião da Azerbaijan Airlines, um causado por um erro humano em 2010 na China e outro por um ato intencional na Namíbia em 2013.
Os gravadores de áudio e de dados de voo do avião da Embraer foram recuperadas pelas autoridades do Cazaquistão.