Jato sino-russo CRAIC CR929 será maior que o Airbus A330

Aeronave cresceu durante a fase inicial de desenvolvimento, o que também vai exigir motores mais potentes que os previstos originalmente
O CR929 deve chegar ao mercado até o final da próxima década; será que vai emplacar? (COMAC)
O CR929 deve chegar ao mercado até o final da próxima década; será que vai emplacar? (COMAC)
O CR929 deve chegar ao mercado até o final da próxima década; será que vai emplacar? (COMAC)
O CR929 deve chegar ao mercado até o final da próxima década; será que vai emplacar? (COMAC)

O jato de fuselagem larga CR929, anunciado pela CRAIC (China-Russia Commercial Aircraft Corporation) em maio de 2017, será bem maior do que o previsto no projeto conceitual. A aeronave cresceu durante a fase inicial do desenvolvimento e seu novo porte agora supera o do novo Airbus A330-900, o maior modelo da nova série A330neo. O novo avião comercial de longo alcance está sendo desenvolvido por um consórcio formado pela COMAC, da China, e o grupo United Aircraft Corporation (UAC), da Rússia.

O comprimento proposto para o CR929 é praticamente o mesmo do A330-900 (de 63,2 metros) , mas sua fuselagem será mais larga, permitindo instalar fileiras com até nove assentos (em classe econômica), um a mais que a fileira do A330. Segundo artigo publicado no Aviation Week, que teve acesso a informações mais recentes sobre o projeto divulgadas pela COMAC e a Sukhoi (uma das empresas do grupo UAC que participa do projeto), a cabine do novo jato deve ter algo em torno de 5,9 metros de largura, enquanto o tradicional modelo europeu tem 5,2 m.

O novo A330neo pode transportar de 287 até 440 passageiros, capacidade que o jato da CRAIC pode superar com a cabine mais larga, frisou a publicação. Além de concorrer com o A330, o porte atualizado do CR929 também o coloca como uma opção contra jatos maiores, como o Airbus A350 e o Boeing 787. O jato sino-russo terá alcance em torno de 12.000 km, prevê a fabricante, autonomia semelhante a dos concorrentes.

No entanto, ao aumentar sua fuselagem o avião também ficará mais pesado, o que por sua vez exige motores mais potentes. A fabricante ainda não definiu qual será o peso máximo da aeronave, mas como apontou a publicação a força dos propulsores proposta pela CRAIC subiu de 71.200 libras de empuxo para 78.000 lbs. Tal potência supera a dos turbofans usados no A330-900 e Boeing 787-900, aviões que pesam entre 240 e 250 toneladas.

A principal aposta do projeto é na China, onde o A330 é o widebody mais popular do mercado (COMAC)
A principal aposta do projeto é na China, onde o A330 é o widebody mais popular do mercado (COMAC)

Para entrar no mercado oferecendo competitividade, a CRAIC planeja lançar o CR929 equipado com motores fabricados por empresas do Ocidente com longa experiência. A GE Aviation, dos Estados Unidos, e Rolls-Royce, do Reino Unidos, são os principais nomes na disputa para fornecer os motores do novo jato. Além de tradicionais fornecedores do setor, essas duas empresas contam com grandes centros de apoio e suporte pelo mundo, o que facilita as operações de eventuais compradores da aeronave. O novo jato deve chegar ao mercado somente em meados de 2028 – o primeiro voo é programado para 2025.

Fabricante de motores da China e Rússia também propuseram alternativas para o projeto. Outra possibilidade é a criação de um programa sino-russo para desenvolver um novo motor para o CR929. O emprego dessas soluções, porém, também depende de toda a criação de uma rede de suporte para suportar a operação e eficiência da aeronave.

A aposta do CR929

Embora tenha a participação da Rússia, o principal foco do CR929 é na China, país onde o jato de fuselagem larga mais popular é justamente o Airbus A330, com mais de 200 unidades em operação. O prazo de lançamento da aeronave previsto pela CRAIC, até o final da próxima década, vai coincidir com uma época em que muitos dos A330 chineses já estarão perto da aposentadoria. Não só isso, a demanda no mercado chinês vai aumentar ainda mais.

Ainda é só um maquete: o CR929 está na fase inicial de desenvolvimento (COMAC)
O CR929 está na fase inicial de desenvolvimento e ainda não tem nenhum cliente (COMAC)

Previsões de mercado da Airbus e Boeing apontam que a demanda por aviões comerciais na região Ásia-Pacífico, impulsionada principalmente pela China, vai crescer a uma taxa de quase 6% ao ano nas próximas duas décadas. Nesse período, as fabricantes estimam que o mercado asiático vai precisar de aproximadamente 14.400 aeronaves (jatos de todos os portes), ou cerca de 40% de toda demanda global em 20 anos, que será em torno de 35.000 aviões.

China e Rússia avançam na aviação comercial

Como apontam as previsões de mercado, o crescimento da aviação comercial na Ásia será enorme nos próximos anos. Isso desperta o interesse das principais fabricantes do setor, todas do Ocidente, mas também abre uma grande oportunidade para o desenvolvido de projetos locais, como os jatos COMAC C919 e o Irkut MC-21, outro projeto do grupo UAC.

O jato chinês COMAC C919 voou pela primeira vez em maio de 2017 (Xinhua)
O jato chinês COMAC C919 voou pela primeira vez em maio de 2017 (Xinhua)

As aeronaves propostas pelas empresas da China e da Rússia, outro mercado promissor, são projetadas para competir na mesma categoria do jatos Airbus A320 e Boeing 737, hoje os aviões comerciais mais vendidos do mundo e cada vez mais pedidos.

Os jatos da COMAC e da Irkut estão em fase de voos de testes com protótipos e ambos devem chegar ao mercado a partir de 2020, começando pelo modelo russo. Apesar de ainda precisarem provar uma série de questões de desempenho e certificações, as duas aeronaves já contam combinadas com quase 1.000 pedidos, a maioria de empresas da China e Rússia.

Veja mais: Zunum Aero anuncia primeiro cliente de avião comercial elétrico

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  1. A questão é, esse avião terá sucesso em mercados ocidentais???, eu dúvido, se esse avião sair mesmo do papel, as empresas aéreas Russas e Chinesas é que serão “convidadas” por seus governos “democráticos” a comprar essas máquinas, Airbus e Boeing tem muitos anos de janela e seus aviões são operados por companhias e tripulações do mundo todo, comprar um Avião Chinês Russo que ninguém conhece e gastar uma fortuna pra treinar toda a indústria para operar um avião totalmente novo, não creio… eu acho que os ocidentais vão esperar pra ver…

  2. Basta vender para empresas chinesas, russas e dos países da região para fazer um enorme estrago na Boeing e Airbus. Cada um vendido é menos um dos concorrentes.

  3. Se eles resolverem desenvolver um novo motor para o jato darão um tiro no próprio pé. Nenhuma companhia ocidental apostaria num avião chinês com turbina chinesa. Não existe expertise dos chineses nesse tipo de tecnologia.

  4. Os carros chineses, dizem os entendidos, estão evoluindo. É uma parte da indústria voltada a mobilidade. Mas quando se trata de indústria aeronáutica o buraco é mais embaixo. Some o parceiro cujas credenciais são famosas pelo resultado de seus produtos (foguetes, submarinos e, claro, aviões) quase sempre oriundos de espionagens e fica fácil se decidir por passar bem longe de um aparelho vindo de Rússia e China. E claro que será muito mais baratinho que um A330.

  5. Apesar de todos os brasileiros usarem TUDO na informática fabricados na China, usarem SmartPhones, sejam a própria Lenovo ou marcas coreanas montadas na China ainda mostram este nível de ignorância falando besteiras. Daí porque são alvos fáceis de petistas, bostanauros e outros populistas.

  6. Os russos já a tecnologia aeronáutica a muito tempo, inclusive em fabricação de turbinas.
    Antes do Airbus A380 o avião Antonov era o maior do mundo.

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