Uma quantidade ainda não estimada de motores CFM56 e CF6 está voando com peças não certificadas pelas autoridades de aviação, confirmou a fabricante CFM International na quarta-feira, 20.
A empresa, uma joint venture entre a GE, dos EUA, e a Safran, da França, fornece os turbofans para aeronaves Boeing 737 e Airbus A320 e A340, entre outras. Além deles, a GE também equipou centenas de widebodies com o motor CF6, como o 767 e o A330.
Segundo a CFM, a empresa britânica AOG Technics, que produz alguns componentes do motores, falsificou certificados para validar a operação de peças fabricadas por ela.
A fabricante de turbofans entrou com uma ação no Supremo Tribunal de Londres, na Inglaterra, para obrigar a AOG a entregar documentos sobre peças dos motores CFM56 e CF6 desde 2015.
O plano é tentar mapear o quanto antes as aeronaves que estão voando com motores equipados com peças não aprovadas. Até o momento, a empresa conseguiu encontrar 86 documentos falsificados e o número de motores com elas já chegava a 100 unidades.
As operadoras desses aviões já estão sendo alertadas e a FAA, a agência de aviação civil dos EUA, emitiu um alerta para que os proprietários de jatos com os motores desses modelos inspecionem suas aeronaves ou inventário de peças.
Motor usado pelos principais aviões comerciais
O primeiro relato de suspeitas sobre a origem das peças ocorreu em junho quando a TAP Manutenção e Engenharia, de Portugal, avisou a CFM sobre a possível fraude.
Boeing and Airbus jets are flying with unapproved engine parts, CFM says
Companhias como Southwest Airlines, United Airlines e Virgin Australia já admitiram ter aeronaves equipadas com peças da AOG, segundo a Bloomberg.
Os motores CFM56 são amplamente utilizados no transporte aéreo, propulsionando aeronaves bastante populares como o Boeing 737 Classic e NG, além da família A320 de primeira geração e até o quadrimotor A340.
Até mesmo aeronaves militares como o P-8A Poseidon (patrulha marítima) e o KC-46 podem ter sido afetados pelo escândalo. Há ainda aeronaves antigas convertidas, como os DC-8.
Embora os jatos estejam sendo retirados gradualmente de serviço, substituídos por aeronaves mais modernas, há cerca de 23 mil motores CFM56 no mundo.
No Brasil, a LATAM e a Gol têm aeronaves com motores CFM56, como o A320ceo e o 737-800NG.
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“A segurança é a nossa primeira prioridade e estamos tomando medidas legais agressivas contra a AOG Technics por vender peças de motores de aeronaves não aprovadas com documentação de aeronavegabilidade falsificada. Continuamos unidos à comunidade da aviação no trabalho para manter as peças não aprovadas fora da cadeia de abastecimento global”, afirmou o CFM em comunicado enviado à imprensa.