Guarulhos é o maior em movimento, Galeão, o de sítio aeroportuário mais extenso, e Santos Dumont, atualmente o mais polêmico, mas é Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, o aeroporto cuja concessão à iniciativa privada pode atrair mais gente de peso, de olho no seu enorme potencial financeiro.
A data para que isso ocorra foi conhecida nesta segunda-feira: 18 de agosto, quando não apenas Congonhas como outros 14 aeroportos menores irão ser leiloados pelo governo federal na chamada 7ª rodada de concessões. Santos Dumont deveria fazer parte, porém, a polêmica a respeito da disputa com Galeão motivou o Ministério da Infraestrutura a oferecer os dois maiores aeroportos do Rio em conjunto já que a atual concessionária do Tom Jobim, a Changi, resolveu devolvê-lo.
A ANAC, Agência Nacional de Aviação Civil, marcou o leilão após o TCU aprovar a modelagem das concessões na semana passada. Os 15 aeroportos serão leilados em três blocos a saber:
– Bloco Aviação Geral: Campo de Marte (SP) e Jacarepaguá (RJ), o lote tem R$ 560 milhões em investimentos previstos. Outorga inicial: R$ 138 milhões.
– Bloco Norte II: Bélem (PA) e Macapá (AP), tem R$ 875 milhões em investimentos previstos. Outorga inicial: R$ 57 milhões.
– Bloco SP/MS/PA/MG: Aeroportos de Congonhas (SP), Campo Grande (MS), Corumbá (MS), Ponta Porã (MS), Santarém (PA), Marabá (PA), Carajás (PA), Altamira (PA), Uberlândia (MG), Uberaba (MG) e Montes Claros (MG). O investimento previsto é de R$ 5,89 bilhões. Outorga inicial: R$ 255 milhões.
Limites operacionais
Inaugurado em 1936, Congonhas foi o principal aeroporto paulista até 1985 quando o Aeroporto de Guarulhos/Cumbica foi inaugurado, primeiro assumindo os voos internacionais em janeiro, mas depois, em agosto, recebendo toda a malha nacional com exceção da ponte aérea e alguns poucos voos regionais à época.
Após alguns anos vazio, o aeroporto paulistano voltou a ver seu movimento crescer durante os anos 90 quando a TAM liderou uma fase de lançamento de voos regionais com jatos Fokker 100 e posteriormente Congonhas passou a contar com diversas frequências para grandes aeroportos, mas voltadas aos passageiros executivos.
A explosão do transporte aéreo no Brasil fez Congonhas atingir níveis elevados de operações e movimento de passageiros, só interrompidos parcialmente após o grave acidente com o Airbus A320 da TAM em 2007. Por conta disso, a Infraero e a ANAC limitaram os slots e capacidade das aeronaves, o que represou a demanda.
Nos últimos anos, no entanto, Congonhas voltou a crescer e passou a ser o segundo aeroporto mais movimentado de passageiros no país, atrás apenas de Guarulhos.
A concessão do terminal deve interromper um longo período de parcial descaso da Infraero, que sempre executou obras de melhorias e ampliação modestas no local, a despeito do seu grande faturamento e potencial econômico.
O grande desafio está no aumento da capacidade do aeroporto sem esbarrar em problemas de segurança e poluição sonora na região, já que suas pistas estão encravadas no meio de bairros populosos e verticalizados.
Algumas sugestões que constam no edital de concessão indicam que o aeroporto pode implantar uma única pista, com dimensões mais adequadas e também mais saídas rápidas para ampliar os pousos e decolagens. Certamente será preciso construir um novo terminal de passageiros mais adequado para comportar o movimento. Isso pode ocorrer onde estão hoje as antigas instalações de manutenção da Real Aerovias, atualmente Gol, ou então em uma nova área de passageiros no lado oposto da pista.
São decisões que o novo concessionário terá de tomar para obter um faturamento mais elevado a fim de arcar com a outorga de concessão. Talvez seja a primeira vez em seus 86 anos de existência que Congonhas poderá estar à altura de sua importância na aviação comercial.