O CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, surpreendeu nesta terça-feira, 18, ao revelar que a empresa está em conversas com a LATAM e a Gol para vender jatos E2, segundo a Bloomberg.
A incomum indiscrição do executivo, que não costuma dar detalhes de negociações em andamento, ocorre às vésperas do Farnborough Airshow, previsto para o final de julho.
O evento é palco de grandes anúncios de vendas e pode ser um indício de que a Embraer já tem algum acordo pré-acertado.
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A inclusão da Gol e da LATAM entre a lista de potenciais clientes, no entanto, é novidade. Isso porque as duas companhias aéreas brasileiras são clientes da Boeing e da Airbus e operam com aeronaves configuradas com pelo menos 138 assentos.
A única cliente dos E2 no Brasil é a Azul, que possui uma malha aérea mais abrangente que suas rivais, uma das possíveis razões para a “mudança de ventos”.
Aviões velhos
Por outro lado, tanto LATAM quanto Gol operam aeronaves já com idade média avançada entre seus jatos de menor capacidade, o que é um indicativo favorável à Embraer.
A LATAM tem 19 Airbus A319 com quase 15 anos de idade média, já a Gol opera 14 Boeing 737-700 que beiram os 19 anos em serviço.
Enquanto o A319 é configurado com 144 assentos, o 737-700 tem 138 assentos, portanto, próximos da capacidade do E195-E2, que normalmente leva entre 132 e 136 passageiros.
Além disso, a aeronave brasileira é mais leve e consome bem menos combustível que os dois aviões, proporcionando maior margem de lucro à elas.
Há ainda o E190-E2, uma aeronave com capacidade um pouco menor e que ainda não é utilizada em voos comerciais no país.
Frotas de Boeing e Airbus
Pesa contra um possível negócio o investimento em um novo tipo de aeronave, que exige treinamento extra para tripulantes e uma infraestrutura de manutenção diferente.
A Gol, sobretudo, é uma incógnita nesse aspecto já que a empresa está em recuperação judicial nos Estados Unidos, negociando dívidas bilionárias com seus credores, entre eles, arrendadores de quase todos os seus Boeing 737.
A empresa também preza pela frota única de 737, o que reduz custos operacionais. Porém, a recente aproximação com a Azul, que tem interesse em tornar-se sócia da rival, poderia ser um argumento favorável à Embraer.
A LATAM, por sua vez, opera aviões Airbus e Boeing, mas a fabricante europeia é exclusiva na frota de jatos de fuselagem estreita.
Uma de suas antecessoras, a TAM, manteve por muitos anos uma grande malha de voos regionais no Brasil, operando com turboélices e jatos Fokker e estreou justamente com o Bandeirante, da Embraer.
Com uma grande área territorial e população de quase 220 milhões de pessoas, o Brasil sempre foi considerado um potencial mercado para a aviação comercial, mas as regulamentações e custos elevados afastam novas companhias até hoje.
Trata-se de uma ironia que a Embraer consiga encontrar clientes no mundo inteiro, mas tenha grandes dificuldades de vender seus elogiados jatos comerciais no seu próprio país de origem. Quem sabe isso finalmente comece a mudar agora.
e o financiamento em moeda local. Juros subsidiados, pelo BNDES? não foi este o pulo do gato da Azul?
incrível!Finalmente um governo realmente patriota. Óbvio que existirá financiamento nacional e pode ter certeza que existiu um meio de campo entre governo e as empresas envolvidas só não vê quem não quer!