Learjet R-35A realiza sua última missão com a FAB

Esquadrão Carcará iniciou o processo de desativação das aeronaves de reconhecimento
Learjet R-35A - Força Aérea Brasileira
(FAB)
Learjet R-35A - Força Aérea Brasileira
Os volumes na fuselagem do R-35A escondem as câmeras de alta definição (FAB)

Após 33 anos de serviço com a Força Aérea Brasileira (FAB), a última aeronave Gates Learjet R-35A do Esquadrão Carcará (1°/6° GAV) entrou no processo de desativação. O modelo com matrícula FAB 6000 realizou sua missão derradeira durante o Exercício Operacional Tínia, em Santa Maria (RS), no dia 14 de novembro.

O 1º/6º GAV está sediado na Ala 2, em Anápolis (GO) e, com os R-35A, executou diversas missões de reconhecimento por imagem, com destaque para imageamento de alvos, localização de pistas de pouso clandestinas, áreas de garimpo, desmatamentos, aerolevantamento, entre outras. “Trata-se de um jato versátil e veloz que foi empregado em todo território nacional em Ações de Reconhecimento Aéreo, com vistas à manutenção da soberania nacional”, destacou a FAB.

Comandante do Esquadrão Carcará, Tenente-Coronel Aviador Bruno Gadelha Pereira, ressaltou o currículo de missões históricas dos R-35A. “Toda a tecnologia embarcada no R-35A nos possibilitou realizar uma série de missões de Aerolevantamento em apoio a calamidades públicas, como ocorreu no rompimento da barragem de Brumadinho, no controle de desmatamentos e queimadas, entre tantas outras.”

Como parte do processo de desativação, uma das últimas fases do ciclo de vida do material aeronáutico, o FAB 6000 será enviado ao Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro, em dezembro, e passará a compor a lista de aeronaves do acervo do Museu Aeroespacial (MUSAL).

Com a desativação do R-35A, o Esquadrão Carcará passará a realizar as ações de reconhecimento aéreo com foco em inteligência de sinais (SIGINT) com as aeronaves R-35AM (FAB 6003, 6004, 6005). “Seguiremos mantendo a excelência e a sinergia no cumprimento das missões de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento”, destacou o Tenente-Coronel Gadelha.

Learjet R-35A - Força Aérea Brasileira
Os R-35A da FAB foram adquiridos ainda nos tempos da Gates Learjet (FAB)

Os Learjet operados pela FAB foram adquiridos ainda nos tempos da Gates Learjet Corporation. Em 1990, a tradicional fabricante do Kansas foi absorvida pelo grupo Bombardier, que mantém a produção da série até hoje.

Os R-35A da FAB são baseados no modelo Learjet 35, produzido entre 1973 e 1994. A versão original de transporte executivo pode receber até oito passageiros e a autonomia de voo passa dos 5.000 km. Atualmente, o único modelo da família Learjet produzido pela Bombardier é o Learjet 75 Liberty.

Histórico

O FAB 6000, que possui mais de 11.000 horas voadas, foi a primeira aeronave das três incorporadas ao 1°/6° GAV, em substituição aos RC-130 Hércules, começando a operar em 1987 com câmeras analógicas Zeiss, de fabricação alemã.

Em abril de 2011, o Esquadrão Carcará entrou na era digital com a implantação de uma nova doutrina de operação, quando substituiu o sistema analógico pelo sensor de imageamento vertical, o Sistema Aerofotogramétrico Digital (ADS-80), fabricado pela suíça LEICA Geosystems, que é capaz de gerar imagens de até 15 centímetros de resolução espacial (tamanho mínimo de um objeto que o sensor é capaz de distinguir) tanto do campo visual, quanto do infravermelho próximo.

Learjet R-35A - Força Aérea Brasileira
O FAB recebeu os jatos R-35A da Gates Learjet em 1987 (FAB)

Avião-espião

No campo de batalha, o R-35A executa a tarefa de aerolevantamento, que consiste em encontrar alvos ou mapear uma região utilizando um conjunto de câmeras fotográficas e sensores infravermelho.

Operando a uma altitude máxima de 45.000 pés (13.716 metros), o Learjet militar atua como um “espião”, marcando de longe a posição de objetivos que podem ser atacados por outros aviões ou detalhes de uma região para orientar tropas e veículos blindados em solo.

Os R-35A da FAB são operados normalmente por sete tripulantes, sendo dois pilotos e cinco operadores de sistemas. Segundo dados da Bombardier, a aeronave voa na velocidade de cruzeiro de 818 km/h (e máxima de 858 km/h) e tem alcance de 4.000 km.

No final de 2009, três jatos de transporte oficial VU-35A foram desativados pelo GTE e transferidos aos Esquadrão Carcará, que converteu as aeronaves para a versão R-35AM.

Learjet R-35AM - Força Aérea Brasileira
Design mais limpo: o R-35AM não possui os grandes volumes na fuselagem como o R-35A (FAB)

Diferentemente do R-35A, o modelo R-35AM não possui câmeras fotográficas (tampouco os grandes volumes na fuselagem). Essa versão é destinada para operações de reconhecimento no espectro eletromagnético. O radar montado no cone de cauda do jato pode captar sinais de radares e sistemas de defesa aérea inimigos, revelando a posição dos pontos de transmissão.

No cenário de guerra moderna, aviões como o R-35AM auxiliam na coordenação de missões de reconhecimento e ataques de longo alcance, antecipando os movimentos do inimigo.

Learjet de guerra

Diversas forças aéreas pelo mundo operam versões militares dos Learjet. Países como a Argentina e a Finlândia operam modelos configurados para missões de guerra eletrônica e vigilância. Nos EUA, o aparelho atua no transporte de pessoal nas frotas da força aérea e marinha.

Um dos Learjet militar mais interessantes é a versão U-36U operado pela marinha do Japão. A aeronave é multifunção: serve como transporte utilitário, rebocador de alvos, missões de guerra eletrônica. O modelo japonês também pode ser equipado com um sistema “caça-mísseis”, usados em treinamento de pilotos de caças e operadores de sistemas de defesa aérea.

Learjet U-36A - Japão
O pod da asa esquerda tem um simulador de “caça-mísseis” para treinamentos (Divulgação)

Veja mais: KC-390 é flagrado reabastecendo outro KC-390 em voo

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  1. Meu pai serviu no Esquadrão quando da chegada dos Learjet em Recife em 1986.
    Pelo zum zum zum da época já não se tratavam de aeronaves 0km, inclusive os numeros se serie eram longes da sequencia de um ao outro.

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