Uma das maiores personalidades da Fórmula 1, o tricampeão Niki Lauda morreu nesta segunda-feira (20) deixando uma fascinante história de superação e um enorme legado no automobilismo. Além de um exímio piloto, o “austríaco voador” também foi um grande empresário na aviação comercial, onde marcou seu nome com três companhias aéreas.
A trajetória de Niki Lauda na aviação começou em 1979, quando anunciou sua primeira aposentadoria da Fórmula 1 após duas temporadas frustadas pela equipe Brabham. Foi naquele ano que o piloto, então bicampeão da categoria (pela Ferrari em 1974 e 1977), fundou seu primeiro empreendimento no setor, a companhia aérea Lauda Air.
O início das atividades da empresa, no entanto, aconteceu somente 1985. Nesse meio tempo, o austríaco ainda teve tempo de retornar à F1 e conquistar seu terceiro título na categoria, em 1984 pela McLaren. No ano seguinte, Lauda encerrou definitivamente sua carreira como piloto.
A primeira atividade da Lauda Air foram voos charter e táxi-aéreo. As viagens eram realizadas com jatos BAC One Eleven. Em 1987, a companhia recebeu permissão para operar voos comerciais e três anos depois obteve a licença para voos internacionais.
Com as permissões para operar na aviação comercial, a Lauda Air montou uma variada frota de aeronaves. Viagens de curta e média distância eram realizadas com jatos Boeing 737, Airbus A320 ou com turbo-hélices Fokker F-27. Em voos de longo curso a empresa utilizava os modelos Boeing 767 e 777.
A empresa de Niki Lauda criou uma importante malha de voos pela Europa a partir da Áustria, com destinos em importantes aeroportos de Portugal, Espanha, Itália, França, Inglaterra e até na Islândia, país que serviu de base de conexão para voos internacionais com destinos nos Estados Unidos.
A Lauda Air também foi a primeira companhia aérea da Áustria a operar voos de longa distância. Em 1989, a empresa lançou o voo de Viena para Sydney e Melbourne, na Austrália, com conexão e parada de reabastecimento em Bangkok, na Tailândia, ou Bali, na Indonésia. A companhia também operou em Hong Kong, Malásia,Vietnã, Dubai e Cuba.
No ano 2000, a companhia do tricampeão da F1 foi adquirida pela Austrian Airlines, que passou a operá-la como uma subsidiária. Em 2005, toda a operação e identidade visual da Lauda Air na aviação comercial foi transferida para o controle da Austrian. Com essa mudança, a marca criada por Niki Lauda ficou restrita apenas nas aeronaves destinadas a operações de voos fretados.
Os voos charter da Lauda Air foram encerrados em 2012 e as aeronaves foram incorporadas pela Austrian Airlines, que hoje faz parte do grupo Lufthansa.
Niki
Enquanto se desfazia de sua primeira companhia aérea, Lauda não perdeu tempo e logo iniciou o processo para criar uma nova empresa no setor, a Niki. O segundo empreendimento do austríaco na aviação começou em 2003, quando adquiriu o controle da companhia Aero Lloyd Austria e assumiu suas operações com a nova marca.
A Niki operava rotas domésticas pela Áustria e voos internacionais na Europa e norte da África. Outra importante atividade da companhia eram voos charter.
Em 2004, a Niki formou uma parceria com a companhia alemã AirBerlin. O acordo entre as empresas contemplava compartilhamento de voos, canais de vendas e até aeronaves. A colaboração também rendeu à companhia de Niki Lauda um posto na aliança Oneworld, permitindo combinar seus voos com os de empresas do mundo todo.
Uma das curiosidades da Niki era a tradição de sempre batizar suas aeronaves com nomes de ritmos musicais, como os jatos A320 “HipHop” e o A321 “Heavy Metal”. A empresa de Niki Lauda também voou com jatos da Embraer entre 2009 e 2015. Os aviões, modelos E190, foram batizados de “Samba” e “Lambada”.
O ex-piloto de F1 deixou a Niki em 2011, quando o controle da companhia foi totalmente transferido à AirBerlin. A partir do ano seguinte, as aeronaves começaram a ser customizadas com um novo padrão de pintura, mantendo a antiga marca somente no nariz dos aviões.
Laudamotion
A última investida de Niki Lauda na aviação foi a companhia low-cost Laudamotion. Em 2018, o austríaco assumiu a Amira Air e renomeou a empresa. Além disso, o ex-piloto de F1 adquiriu parte do espólio da AirBerlin, que decretou falência em 2017, e retomou parte da frota de aeronaves que voavam com a Niki.
O controle da Laudamotion, porém, ficou pouco tempo nas mãos de Niki Lauda. Em março de 2018, a Ryanair, da Irlanda, iniciou um processo de aquisição da companhia e no início deste ano adquiriu o controle total da empresa, que hoje opera como uma subsidiária do grupo irlandês.
Embora a Ryanair opere somente aeronaves da Boeing, a frota da Laudamotion é composta exclusivamente por jatos da Airbus. Em um anúncio recente, a empresa declarou que pretende comprar até 100 jatos A321 para expandir suas atividades. Em março deste ano, a companhia mudou de nome e passou a ser chamada somente de Lauda.
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