Em 2022, serão completados 15 anos desde que o cargueiro C-115 Buffalo foi retirado de serviço da Força Aérea Brasileira (FAB), sendo substituído pelos turboélices C-105 Amazonas. Mas a histórica aeronave desenvolvida pela de Havilland Canada na década de 60 ainda voava em seu país de origem até este sábado, quando foi finalmente desativado.
A Real Força Aérea do Canadá mantinha três CC-115 Buffalo ativos enquanto recebia os CC-295 Kingfisher. Eles voavam no esquadrão 442, de transporte e salvamento (SAR), baseado na província da Colúmbia Britânica. A última missão foi realizada no dia 15 de janeiro, encerrando uma carreira de 55 anos de serviço.
Seriam esses os últimos Buffalos operacionais no mundo, aeronave que teve uma produção relativamente pequena, de 122 unidades. Destas, 24 operaram na FAB entre 1968 e 2007, período em que éramos o maior cliente do modelo no mundo.
Designado DHC-5, o Buffalo (Búfalo para alguns) foi projetado como sucessor do DHC-4 Caribou, do qual era bastante semelhante, exceto por utilizar motores turboélices GE CT64 no lugar dos radiais a pistão Pratt & Whitney Wasp.
Ambos seguiam um conceito bastante semelhante, as operações em pistas curtas e despreparadas, mas o Buffalo levava mais carga a bordo e tinha uma performance STOL (Short Take-off and Landing, pouso e decolagem curto) melhor ainda.
O Caribou, que teve mais de 300 aviões produzidos, foi operado pelos EUA, caminho que o DHC-5 parecia seguir graças a um primeiro pedido de quatro aviões para o Exército, onde recebeu a designação CV-7A e C-8A em 1965. Dois anos depois, no entanto, os Buffalos foram transferidos para a Força Aérea por conta de um acordo e lá não foram aproveitados, com dois deles transferidos para a NASA.
A DHC encerrou a produção do avião em 1972, mas reabriu a linha de montagem em 1974 graças a novos pedidos como do Egito. Somente em 1986, o Buffalo deixou definitivamente de ser fabricado.
Boeing 737 da Gol
Na FAB, o C-115 desempenhou missões importantes graças à sua capacidade de decolar distâncias de 700 metros e pouso em apenas 260 metros, dependendo das condições. A aeronave foi fundamental em tempos em que a infraestrutura aeroportuária no Brasil era bastante precária.
Até mesmo quando estava prestes a ser aposentado, o Buffalo ainda mostrou sua valentia. Em setembro de 2006, quando houve o choque no ar de um jato executivo Legacy com um Boeing 737-800 da Gol, o turboélice, então baseado apenas em Manaus, foi escalado para a missão que resgatou os ocupantes da e partes da aeronave, justamente porque era o única capaz de pousar numa área sem qualquer preparação.
Buffalo modernizado
Nessa mesma época, uma mudança no Canadá quase colocou o Buffalo de volta à linha de montagem. Em fevereiro de 2006, a Viking Air adquiriu os direitos de vários aviões da De Havilland, entre eles o DHC-6 Twin Otter e o DHC-5, então de propriedade da Bombardier.
No final de 2008, a Viking anunciou que pretendia voltar a produzir o Buffalo, mas numa versão modernizada, com motores PW150, um cockpit de “vidro” e outras melhorias. A ideia era justamente substituir os CC-115 em serviço na Real Força Aérea do Canadá, já com mais de 40 anos de uso.
No fim, o governo canadense preferiu adquirir 16 C-295 e os planos de renascimento do lendário avião ficaram pelo caminho.