A novela sobre a venda de parte das ações da estatal ITA Airways para um grupo privado pode ter um desfecho na semana que vem. É quando se espera a promulgação de um decreto do governo da Itália que determina que apenas uma companhia aérea poderá liderar as propostas para assumir a empresa.
A condição tiraria do páreo as concorrentes Air France-KLM e Delta, que eram apenas sócias do grupo Certares, líder do consórcio. Sobraria então para a Lufthansa a oportunidade para assumir 40% da ITA por um valor entre 230 e 240 milhões de euros, segundo jornais italianos.
Num prazo de até cinco anos, no entanto, a transportadora alemã pretende assumir o controle total da ITA Airways, um desejo antigo da companhia aérea.
1,3 centavos perdidos por assento-quilômetro
A Lufthansa almeja ter uma subsidiária na Itália desde os tempos em que a Alitalia era oferecida pelo governo do país. Mas naquela época, o enorme passivo da empresa aérea impediu um acordo.
Neste ano, a Lufthansa se uniu ao grupo MSC, que atua no segmento marítimo, para participar do leilão pela ITA, mas era o grupo italiano quem ficaria com a maior parte do negócio. Após a desistência da MSC semanas atrás, a empresa alemã renovou seu interesse pela ITA.
A urgência em repassar a operação da empresa aérea para um grupo experiente tem feito o novo governo da Itália acelerar a venda da ITA. Segundo documentos, a transportadora gasta 8 centavos por assento-quilômetro enquanto obtém uma receita de apenas 6,7 centavos por assento-quilômetro.
Na prática, num voo entre Roma e Frankfurt (distantes cerca de mil quilômetros), a ITA tem um prejuízo de 13 euros por assento. É justamente o valor que o grupo Lufthansa consegue lucrar na mesma situação.
Uma das primeiras ações da Lufthansa, caso tenha sucesso com sua oferta, será reestruturar a ITA para conter os prejuízos.