Não, você não leu uma notícia antiga. A Lufthansa voltou a falar sobre a futura encomenda de 40 jatos com até 150 assentos que pretende fechar em breve (?!) e que serão usados pela sua nova subsidiária, a City Airlines.
Apesar de a informação já ter sido revelada há cerca de um mês durante uma fala do CEO do grupo alemão, Carsten Spohr, aos funcionários, o assunto voltou a circular na imprensa geral e especializada como se fosse novidade.
Tudo porque a agência de notícias Reuters divulgou uma curta nota a respeito, citando Spohr, que repetiu o mesmo mantra em uma entrevista em 2 de novembro.
Algum fato novo? Nada. Apenas o que já se sabe há tempos: a Lufthansa conversa com a Airbus e a Embraer para fechar um pedido de 40 aeronaves dos modelos A220 ou E2 (ou ainda ambos).
A própria companhia aérea já havia dito isso em 25 de outubro, quando divulgou os planos de lançamento da City: “Embora a City Airlines inicie operações com aeronaves Airbus A319, o Grupo Lufthansa também avalia a possibilidade de utilizar aeronaves Airbus A220 ou Embraer“, está escrito no comunicado.
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Novela de quase três anos
As negociações da Lufthansa com a Embraer já são de conhecimento público desde pelo menos fevereiro de 2021. Foi quando Spohr, sempre ele, revelou que conversava com a empresa brasileira, mas sem falar em números.
A declaração obrigou a Embraer a vir a público para explicar o que estava acontecendo. A notícia fez as ações subirem na época e a empresa afirmou que discutia “com a Lufthansa a potencial aquisição de aeronaves. Tais discussões não estão em um estágio avançado, e não há qualquer compromisso firme de concretização de tais vendas neste momento”.
Em novembro de 2021, o CEO da Lufthansa afirmou à Bloomberg que havia solicitado propostas para a Embraer e a Airbus, novamente sem especificar quantidades e modelos.
No entanto, quase um ano se passou sem novidades quando Spohr retomou o assunto em entrevista à Aviation Week. Desta vez, ele deu indícios que os aviões eram urgentes e que seriam uma resposta ao avanço das companhia aéreas de baixo custo.
Para combatê-las, a Lufthansa criou a City Airlines, uma companhia aérea regional que deve atuar a partir de Frankfurt e Munique como alimentadora dos voos da empresa-mãe. Ela vai começar a voar em 2024 com velhos Airbus A319 enquanto espera pela futura encomenda.
Quando a decisão irá ocorrer, a Lufthansa ainda não diz. E isso sim será assunto novo nessa novela de quase três anos.
Será uma surpresa a vitória da Embraer. Essa concorrência é para “inglês ver”, o governo alemão é sócio minoritário da Airbus e vai privilegiar a fabricante europeia da mesma forma que a Air France vem privilegiando as aeronaves do consórcio europeu.