A era dos jatos de passageiros de dois andares parece estar com os dias contados. Depois que a Airbus decidiu encerrar a produção do A380 este ano agora a Boeing se vê diante do possível fim de linha do icônico 747.
Mas no caso da fabricante norte-americana, pode ser uma decisão forçada. O motivo envolve o Triumph Group, responsável por produzir as principais estruturas do “Jumbo” há mais de 50 anos. A empresa está fechando duas de suas fábricas até o mês de dezembro, incluindo a unidade que produz as peças do 747 no pequeno aeroporto Hawthorne, em Los Angeles.
O ferramental usado para produzir as peças do 747 foram leiloados nesta semana após anos em que a Triumph acumulava prejuízos. De fato, as encomendas do maior jato de passageiros da Boeing rarearam nos últimos anos e atualmente restam apenas 18 unidades a serem concluídas, todos da versão cargueira 747-8F.
Sem dar o braço a torcer
Apesar das evidências de que não há mais mercado para o Jumbo, a Boeing negou o fim de linha da aeronave. “Continuamos a fabricar o 747-8 para atender aos pedidos em atraso do avião e continuaremos a tomar as decisões corretas para manter a linha de produção saudável”, afirmou o porta-voz da Boeing, Paul Bergman à Bloomberg.
No entanto, o cenário é adverso. A fabricante tem hoje um modelo quase tão capaz em assentos e infinitamente mais econômico, o bimotor 777X, mas nem sua evidente eficiência operacional tem sido suficiente para atrair novos clientes. A Emirates Airline, dona da maior encomenda do jato, acaba de reduzir seu pedido de 150 para 126 unidades, parte trocada pelo menor 787-9.
O que dizer então de um quadrimotor que recebeu sua primeira encomenda em 1966 da extinta Pan Am (e que foi responsável pelo primeiro contrato de fornecimento da Triumph)? É mais do que claro que o Jumbo já cumpriu sua missão ainda mais se levarmos em conta a dificuldade para a Boeing viabilizar uma nova linha de montagem de estruturas.
Como a Triumph deverá entregar as peças para os 747 faltantes, não haverá necessidade de tomar uma atitude enquanto não existirem novos pedidos, o que é uma hipótese bastante improvável.
Ou seja, pode ter sido o início do fim para o mais simbólico jato de passageiros da história.
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