O esforço para lançar um sucessor do Concorde teve mais uma baixa na semana passada quando a start-up Exosonic anunciou que está encerrando sua atividades.
A empresa fundada por Norris Tie e Tim MacDonald em 2019 almejava colocar no mercado um jato comercial capaz de voar a Mach 1.8 mas com voo ‘silencioso’.
No entanto, a falta de apoio financeiro colocou a empresa na lona e em 8 de novembro a Exosonic confirmou que está em processo de fechamento.
“Embora os fundadores e a equipe ainda acreditem na necessidade/desejo de voos supersônicos silenciosos e drones supersônicos para o Departamento de Defesa dos EUA, sem mais suporte ao cliente para qualquer um dos conceitos, a empresa não pode sustentar as necessidades de dinheiro para fazer mais avanços”, disse o comunicado da companhia sediada em Torrance, na Califórnia.
A Exosonic colocou à venda todo o conhecimento adquirido nesses cinco anos para empresas interessadas em tocar os projetos.
Supersônico silecioso
Envolvido anteriormente no programa X-59 da Nasa, que vai estudar o voo supersônico com “ruído suavizado”, Tie perseguiu uma meta semelhante com o Horizon, um avião para 70 passageiros com quatro motores e configuração bastante peculiar.
Revelado em 2022, o projeto incorporou ensinamentos para reduzir o ruído causado pela quebra da barreira do som, o que permitiria à aeronave voar sobre áreas habitadas.
Entre elas estão as asas recuadas, o longo nariz e motores sob as asas. A fuselagem acinturada também permitiria áreas com mais espaço para os passageiros no centro do avião.
O jato também usaria turbofans sem pós-combustor em produção atualmente, o que reduziria seu custo.
UAV militar
Os primeiros estudos indicaram um alcance de 9.250 km com o consumo equivalente a um terço do combustível do Concorde.
A startup, no entanto, não se resumia ao projeto civil. Havia também o Revenant, uma aeronave de combate não tripulada supersônica que interessou inicialmente à Força Aérea dos EUA (USAF) em 2021.
Antes disso, o serviço já havia agraciado a Exosonic com a entrada em um programa para desenvolver uma variante supersônica do Air Force One.
Em abril, a empresa voou um modelo em pequena escala chamado de Trident que serviria para validar sensores e softwares que seriam usados nos projetos principais.
Desafio continua enorme
A Exosonic se junta à Aerion, uma empresa que almejava colocar no mercado um jato executivo supersônico, mas que sucumbiu em 2021.
Há ainda outras iniciativas como a Hermeus, Destinus, Venus Aerospace e a Spectre Aerospace, mas é a Boom Supersonic a empresa que mais recebe holofotes atualmente.
Criada em 2014 por Blake Scholl, um ex-executivo com passagens pela Amazon e Groupon, a Boom desenvolve o Overture, um jato supersônico capaz de voar até Mach 1.7 com 80 passageiros.
A empresa já tem um enorme galpão na Flórida onde a aeronave será montada e atualmente realiza os voos de testes com o XB-1, um jato supersônico que validará a tecnologia que será integrada ao Overture.
Apesar do otimismo da Boom, o caminho até a entrada em serviço parece longo e cheio de obstáculos.
Entre eles está o fato que o avião supersônico, assim como Concorde, só voará acima da velocidade do som sobre os oceanos em virtude da configuração que não ameniza o boom sônico.