Empresário com sobrenome de peso na aviação comercial brasileira, Marcos Amaro, filho caçula do lendário Comandante Rolim Amaro, o fundador da TAM Linhas Aéreas, está seguindo os passos de seu pai no setor aéreo e realizando um sonho que ele alimenta desde criança, como revelou em entrevista ao Airway.
Aos 37 anos e com um currículo eclético, Amaro iniciou sua carreira como trainee na TAM Aviação Executiva e também foi membro do conselho da companhia aérea. Após a morte de seu pai em 2001, Marcos se aventurou em outras áreas, atuando como artista plástico e empreendedor no setor varejista, onde fez sucesso com a rede Óticas Carol.
De volta a aviação, Marcos fundou em 2020 a Amaro Aviation, empresa de aviação executiva que presta serviços de gerenciamento de aeronaves e venda de cotas de propriedade compartilhada de aviões privados, um segmento que está cada vez mais forte no Brasil.
Almejando voos mais elevados, o empresário agora trabalha na criação de uma nova companhia aérea brasileira, a Alfa Airlines, que atuará no segmento de aviação regional, uma área que em sua visão tem pouca representatividade no mercado brasileiro. Confira a seguir a entrevista com Marcos Amaro:
O modelo de negócios de propriedade compartilhada de aeronaves executivas está ganhando força no mercado brasileiro, principalmente nos últimos dois anos em função da pandemia. Quais são as expectativas da Amaro Aviation para esse segmento?
O mercado de compartilhamento de aeronaves existe há 30 anos no mundo todo, sendo muito forte e consolidado nos Estados Unidos e Europa. No Brasil existia de forma incipiente devido à ausência de regulamentação governamental. Isso resultava em insegurança jurídica, especialmente devido à solidariedade de responsabilidade civil e criminal entre os “quotistas”. Essa regulação moderna e atual foi implementada pela ANAC em 01 de outubro de 2021. Portanto, está previsto um crescimento exponencial a partir do momento que empresas entrantes no setor sejam autorizadas pela ANAC a operar formalmente. Podemos dizer que acreditamos hoje que o compartilhamento é o futuro da aviação executiva, um novo formato de negócio, pois vai permitir que mais pessoas tenham acesso às vantagens do transporte aéreo executivo.
Qual é o público-alvo da Amaro Aviation?
O foco são os clientes que compreendem a inteligência de compartilhar ativos muito onerosos. Faz sentido para usuários que voam acima da média para contratar apenas o fretamento pontual de aeronaves, mas não voam tanto que justifique possuir uma aeronave própria, de uso exclusivo.
O que falta para a Amaro Aviation estrear no setor de táxi-aéreo?
Estamos na fase final de autorização para operar como táxi aéreo e pretendemos ter aeronaves para esse serviço. Em paralelo, faz parte dos nossos planos contar com helicópteros também na frota.
Recentemente, o senhor revelou ao NeoFeed sua intenção de fundar uma nova companhia aérea, a Alfa Airlines. Poderia comentar sobre os trâmites e desafios para a criação da companhia e o que podemos esperar em relação aos serviços da empresa?
Vamos começar a operar com aeronaves Cessna 208 Caravan com capacidade para 9 passageiros. Estamos negociando as aeronaves e trabalhando em toda a composição da empresa aérea. O foco da Alfa Airlines será a aviação regional.
O Brasil é um país enorme, mas com um setor de aviação regional e sub-regional fraquíssimo. Há alguma explicação para esse segmento ser tão fraco no Brasil? O que a Alfa Air pode oferecer de diferente nesse ramo?
Queremos justamente ocupar esse espaço. A aviação brasileira hoje cobre um número reduzido de cidades, deixando milhares de pessoas sem conectividade aérea. A proposta da Alfa Air é trabalhar nesse segmento.
O nome Amaro é uma das maiores referências da aviação comercial brasileira. Quais foram ensinamentos deixados pelo Comandante Rolim Amaro em sua trajetória como empresário?
Meu pai compreendeu como ninguém o cliente, o que o agradava, como ele gostava de ser tratado e comandou uma empresa de sucesso com base nisso.
É sabido que o senhor é um empresário com faro apurado para bons negócios, como foi o caso de sucesso da Óticas Carol. Em que momento decidiu investir na aviação?
Investir em aviação sempre foi um sonho, não apenas porque, claro, amo aviação desde pequeno, mas, porque eu queria fazer algo novo, diferente, que contribuísse para o setor no país.
O transporte aéreo no Brasil sempre foi considerado um dos mercados de maior potencial no mundo, mas ainda vemos muitos casos de projetos que fracassam. Quais são os pontos fundamentais para prosperar nessa área?
É preciso compreender a demanda do mercado e o momento que vivemos. Modelos antigos não são mais válidos, tudo está em transformação, da nossa forma de consumir ao conceito das empresas. No passado, contava mais a frota, hoje, a maioria das empresas aéreas usa aeronaves arrendadas, pela flexibilidade. Os conceitos mudaram.
Seu pai transformou a aviação comercial no Brasil ao investir num atendimento personalizado e num modelo mais voltado ao público corporativo. Com a pandemia e o trabalho remoto, como inovar nesse cenário?
Hoje, a inovação vem da compreensão das novas relações de consumo e da compreensão da economia compartilhada. As pessoas podem e querem compartilhar tudo, cada vez mais, e não poderia ser diferente com a aviação.
As três grandes companhias aéreas brasileiras continuam a dominar o mercado e a assumir iniciativas recentes como a MAP e a TwoFlex. O senhor cogita vender a Alfa Air um dia?
Posso dizer que estou focado em criar a empresa, procuro me concentrar no hoje.