Maringá recebe o EAB Air Show, o “Oshkosh brasileiro”

Evento deve reunir mais de 100 aeronaves tem presença confirmada da Esquadrilha de Fumaça
O EAB Air Show é realizado no Aeroporto Silvio Name Júnior, um dos mais avançados da aviação regional no Brasil (Divulgação)
O EAB Air Show é realizado no Aeroporto Silvio Name Júnior, um dos mais avançados da aviação regional no Brasil (Divulgação)
O EAB Air Show é realizado no Aeroporto Silvio Name Júnior, um dos mais avançados da aviação regional no Brasil (Divulgação)
O evento é realizado no Aeroporto Silvio Name Júnior, em Maringá (PR), um dos mais modernos da aviação regional no país (Divulgação)

Cuidado para não perder o boné em Maringá! Está acontecendo na cidade no Paraná a 19º edição da Expo Aero Brasil (EAB Air Show), o maior evento sobre aviação geral do país. Além da exposição de aeronaves, tantos de fabricantes como de pilotos que voam até a feira, o EAB também reúne muitas demonstrações aéreas, algumas bem perto do público.

Aviação geral é a categoria que compreende todos os aviões, com exceção de modelos comerciais e militares. São essencialmente monomotores e bimotores de pequeno porte, helicópteros e aeronaves experimentais. E nos últimos três anos, Maringá assumiu o posto de capital desse segmento, com uma estrutura de encher os olhos.

As edições anteriores do evento foram realizadas em São José dos Campos (SP). “A mudança para o Paraná foi muito boa por dois motivos: o aeroporto de Maringá é o maior e mais avançado da América do Sul para a aviação regional, com capacidade para receber até 2.000 aeronaves de pequeno porte por dia. O outro motivo é a proximidade com o novo polo aeronáutico que se formou pela região”, contou o Comandante Décio Corrêa, diretor do EAB Air Show, ao Airway.

Outro grande atrativo do evento em Maringá é o preço da entrada, apenas R$ 20. Bem diferente dos R$ 400 cobrados no ingresso da Labace 2016, realizada no início deste mês em São Paulo (SP).

“O EAB Air Show também é uma feira de negócios, mas também para o público geral. O espaço do aeroporto em Maringá permite montar um evento deste porte, bem diferente de Congonhas. Além disso, a Labace tem outro propósito, que é a aviação executiva. Aqui muita gente vem com seu próprio avião de pequeno porte e expõe na feira”, explicou o comandante.

Shows aéreos

Os shows aéreos acontecem a todo no EAB. São desde simples passagens de aviões que saem do pátio de exposição e se apresentam em voos de baixa altitude, até apresentações radicais. Uma das marcas do evento em Maringá é a presença de um veterano monomotor North-American T-6, construído na época da Segunda Guerra Mundial.

O veterano T-6 é um dos destaques do EAB Air Show (Thiago Vinholes)
O veterano T-6 é um dos destaques do EAB Air Show (Thiago Vinholes)

Apesar da idade, o T-6 ainda voa como novo, realizando piruetas e desenhando no céu com fumaça. Falando em fumaça… A Esquadrilha da Fumaça, da Força Aérea Brasileira, tem presença confirmada no evento, com apresentação no sábado.

A apresentação da Fumaça será realizada no sábado (FAB)
A apresentação da Fumaça será realizada no sábado (FAB)

Aviões do Brasil inteiro

Nem todos sabem, mas no Brasil existem mais fábricas de aviões do que de carros. A principal especialidade do país nesse ramo é a aviação experimental, com fabricantes em praticamente todos os estados.

De Belo Horizonte, o piloto de testes da Aero Bravo, Estevam Costa Siqueira, voou até Maringá com o avião experimental Amazon, um monomotor que precisa ser amarrado no chão quando é estacionado, tamanha é a vontade de voar.

O Aero Bravo Amazon tem autonomia de voo para até seis horas, mas nenhuma bexiga aguenta... (Thiago Vinholes)
O Aero Bravo Amazon tem autonomia de voo para até seis horas, mas nenhuma bexiga aguenta… (Thiago Vinholes)

“Amarramos ele por que depois que o motor desliga ele pode virar de bico ou de cauda, com o vento. O avião é muito leve, pesa um pouco mais de 300 kg, mas é muito valente!”, contou o piloto. Segundo o fabricante mineiro, o Amazon pode alcançar a velocidade máxima de 200 km/h e permanecer voando por até seis horas.

“Ele pode voar esse tempo todo, mas a autonomia nesse tipo de avião depende mais da sua bexiga, do que a capacidade de combustível”, contou Siqueira, aos risos. “Cada piloto tem uma autonomia de bexiga”, concluiu o piloto, que voou de BH até Maringá com apenas uma escala, para ir ao banheiro.

Apesar do aspecto frágil, o pequeno avião é mais avançado do que parece. A cabine possui manches, como um jato, e o sistema de voo pode ser incrementado com piloto automático e navegação por GPS, além de uma série de compensadores eletrônicos que melhoram a estabilidade da aeronave. “Se acelerar fundo ele decola antes do pátio terminar”, apontou Estevam, por um caminho com menos de 30 metros de comprimento.

O Montaer MC01 é um avião experimental com interior "chique" (Thiago Vinholes)
O Montaer MC01 é um avião experimental com interior “chique” (Thiago Vinholes)

Feira de Santana, na Bahia, também tem fábrica de avião. É a Montaer Aeronaves, que expõe no EAB o modelo MC01, também um monomotor experimental de pequeno porte. “É um avião leve, mas com alguma sofisticação, algo muito raro nesse segmento”, explicou Bruno de Oliveira, sócio-diretor da empresa.

“No interior um avião desse tipo pode ser muito útil para um fazendeiro ou um médico, que também seja piloto. Em vez de fazer um longo caminho de carro até outra cidade, ele pode fazer isso voando com sua própria aeronave. Isso é mais comum do que você imagina”, contou Oliveira.

O MC01 tem bancos de couro totalmente reclináveis, acabamento completo de cabine, o que na aviação experimental são luxos como carpete e capas que escondem os mecanismos de controle da aeronave, geralmente expostos nesse tipo de avião.

O acabamento esconde os cabos de comando da aeronave (Thiago Vinholes)
O acabamento esconde os cabos de comando da aeronave (Thiago Vinholes)

A empresa baiana é nova, mas já está colhendo bons frutos. Desde a sua entrada no mercado, em 2014, a Montaer entregou seis aeronaves pelo Brasil e atualmente está fabricando mais duas. “Depois que terminar essas aeronaves, já vamos construir outras. Estão chegando pedidos”, contou o diretor da fabricante de Feira de Santana.

Celebridades da aviação geral

Além da forte presença da aviação experimental, o EAB Air Show deste ano também tem a presença de marcas de peso, como Pilatus, Quest e a badalada Cirrus, com seus aviões equipados com paraquedas de segurança.

Fabricante de alguns dos aviões de pequeno porte mais avançados e seguros do mundo, a Cirrus está em Maringá com um produto criado exclusivamente para o Brasil, o monomotor SR 22T na versão “Grand”. O modelo com pintura vermelha e customização especial é oferecido apenas para clientes no mercado brasileiro.

A Cirrus fabrica alguns dos aviões de pequeno porte mais avançados do mundo (Thiago Vinholes)
A Cirrus produz alguns dos aviões de pequeno porte mais avançados do mundo (Thiago Vinholes)

“O Brasil é um mercado muito importante para a Cirrus. A marca tem 16 anos, e está no Brasil há 10. Nesse tempo, vendeu mais de 400 aviões. No mundo todo, foram 6.000”, destacou André de la Touloubre, do marketing da Cirrus Aircraft no Brasil.

“O EAB é o evento ideal para apresentar produtos da Cirrus. Uma das características de nosso público é justamente o de ‘pilotos-proprietários’. Além de não ser complexo de pilotar, ele também atrai muitos compradores pelo alto nível de segurança que oferece. A chance de um acidente grave com esse avião é zero”, contou Touloubre.

Os aviões da Cirrus, uma empresa dos EUA, são equipados com um sistema salva-vidas inusitado. Na eventualidade de uma pane ou perda de controle, o piloto tem como último recurso um botão que aciona um paraquedas balístico que freia a queda da aeronave, permitindo chegar ao solo com segurança. “Todos os aviões da Cirrus vêm com esse sistema. Ele também estará presente no Vision Jet, que será o primeiro avião da marca com motor a jato”, ressaltou o executivo da Cirrus Brasil.

O painel do SR22 possui uma avançada aviônica (Thiago Vinholes)
O painel do SR22 possui uma avançada aviônica (Thiago Vinholes)

O SR22T é quase um “foguetinho”. O modelo é uma variação do SR22 com motor mais potente. A aeronave pode voar perto dos 400 km/h e alcance de 1.900 km. É também um avião com aviônica de última geração, com telas digitais e recursos como piloto automático e navegação por GPS, sem falar no luxo da cabine.

Outro importante avião em exposição é o Kodiak, da Quest Aircraft. Com asa alta, pneus e trem de pouso de alta resistência e um “motorzão” de 750 HP, a aeronave da fabricante americana é do tipo “casca grossa”. O modelo foi lançado em 2001, mas a marca chegou ao país recentemente, de olho onde outros aviões não conseguem pousar.

O Quest Kodiak é um avião desenvolvido para pousar em pistas curtas e semi-preparadas (Thiago Vinholes)
O Quest Kodiak é um avião desenvolvido para pousar em pistas curtas e semi-preparadas (Thiago Vinholes)

“A marca chegou em um momento difícil da economia brasileira, mas o país tem o perfil de pista onde o Kodiak opera, em locais remotos de difícil acesso”, revela Augusto Pagliacci, piloto do avião de demonstração da Quest no Brasil.

“O Kodiak também é um avião STOL (de pouso e decolagens curtas), o que pode ser muito interessante em pequenos aeródromos do Brasil. Pode ser usado por operadores privados ou até na aviação regional da baixa densidade”, explicou o piloto do Kodiak.

A aeronave, mesmo com carga máxima, decola com apenas 284 metros de pista e para pousar bastam 205 metros. Pode ser configurado para uso executivo, comercial, anfíbio e “aplicações especiais”, como avião de lançamento de paraquedistas.

O Kodiak exposto no EAB leva um radar meteorológico na asa (Thiago Vinholes)
O Kodiak exposto no EAB leva um radar meteorológico na asa (Thiago Vinholes)

“Temos três Kodiak no Brasil. Um deles trabalha desde o ano passado com uma escola de paraquedismo de Boituva (SP)”, contou Pagliacci.

EAB Air Show

O evento em Maringá começou na quarta-feira (21) e vai até o domingo (26). A organização do EAB espera que até o final do show devem pousar no Aeroporto Silvio Name Júnior cerca de 100 aeronaves e reunir 85 empresas. Para quem quiser ir voando com as próprias asas é só seguir essas coordenadas. Boa viagem e boa feira.

Veja mais: Entenda o “avionês” falado por pilotos

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4 comments
  1. Oshkosh brasileira??? 100 aeronaves??? Menos, bem menos, vai…
    Uma pequena olhada na Aviashow de Regente Feijó basta para fazer a EAB descer do pedestal!!!

  2. Estive por lá durante o dia de hoje e o que vi foi um total de 70 carros que passaram pelo estacionamento durante o dia todo (no dia de maior movimento!), num total de aproximadamente 350 (!) visitantes apenas circulando pelo recinto – menos gente do que as pessoas que lá estavam trabalhando.
    Uma simples e franca conversa com os expositores mostra claramente que a EAB, infelizmente, marcha a largos passos rumo à extinção, tamanha a teimosia em adotar medidas que afastam o público, tanto quem chega voando como quem vai de carro. Está na contra-mão!
    Essa postura claramente caça-níqueis põe uma pedra sobre a feira que a EAB já foi no passado…

  3. Não se sabe se mais esse acidente com aeronaves experimentais será investigado pois raramente o CENIPA investiga acidentes com esse tipo de aeronave, não se sabe porque.
    O que se sabe, e vem sendo denunciado, é que essas aeronaves indevidamente enquadradas pela ANAC como “experimentais”, só no Brasil vêm sendo fabricadas ilegalmente em série e entregues prontas ao consumidor com uma placa:
    “VOO POR CONTA E RISCO PRÓPRIO”
    Aeronaves experimentais caem e matam semanalmente e ninguém fica sabendo porque nem a ANAC nem o CENIPA investigam, nem sequer registram e divulgam.
    Augusto Fonseca da Costa
    Presidente da ABRAVAGEX
    Membro do Conselho Consultivo da ANAC

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