Com seu emaranhado de impostos, regulamentações e custos, o Brasil tem se provado uma exceção em tendências mundiais. Qualquer produto ou serviço popular no exterior acaba perdendo seus atrativos quando desembarca oficialmente em nosso país. Estão os smartphones e automóveis para provar essa tese. Na aviação, o advento das companhias aéreas de baixo custo tem seguido o mesmo caminho, para azar dos consumidores brasileiros.
A mais recente experiência nesse sentido envolve a Norwegian Air, companhia low cost europeia que estreou seu voo entre Londres e o Rio de Janeiro no ano passado. A empresa encerrou 2019 com um aproveitamento inferior ao da British Airways, mesmo oferecendo menos voos que a tradicional concorrente. Segundo dados divulgados pela ANAC, a Norwegian teve uma ocupação média na rota de 81% no ano passado. Soa como um bom número mas deveria ser muito melhor afinal a BA conseguiu nada menos que 88% de aproveitamento em seu voo diário. Em dezembro do ano passado, por exemplo, enquanto a Norwegian transportou 9.510 passageiros ente Londres e o Rio, a British Airways atraiu 11.890 clientes, ou 25% a mais.
Ocorre que a British Airways utiliza um Boeing 787-8 com somente 214 lugares e que inclui a “Club World”, com 35 assentos-cama enquanto a Norwegian transporta até 338 passageiros em seu 787-9 cuja única opção de maior conforto é a econômica premium. Em vez de diário, o voo da companhia de baixo custo ocorre quatro vezes por semana, frequência que será reduzida para apenas três voos a partir de abril.
Mas afinal por que uma low cost não consegue atrair mais público que uma companhia aérea tradicional? Uma das explicações está nas tarifas cobradas. A Norwegian Air utiliza os mesmos argumentos de outras empresas de baixo custo como oferecer tarifas que dão direito ao passageiro de entrar no avião com uma pequena mala de mão e só. Reservar assento, ter direito ao serviço de bordo ou levar uma bagagem coerente com uma viagem de 11 horas são extras na visão dessas companhias aéreas. O problema é que mesmo assim seus preços são parecidos com os da British Airways.
Em uma cotação realizada por Airway com partida do Galeão no dia 13 de abril e retorno uma semana depois, a Norwegian Air calculou uma tarifa de R$ 3.164 em sua categoria mais barata e que dá direito a apenas uma mala de mão de até 10 kg e que precisa viajar embaixo do assento, reduzindo ainda mais o espaço exíguo para o passageiro. Não há direito a reservar assento ou alimentação a bordo, que precisam ser pagos à parte. A British Airways, por sua vez, cobra R$ 3.245 em sua tarifa mais econômica, mas que dá direito a bagagem de mão (sem especificar onde ela deve ser levada) e serviço de bordo.
Se o cliente de ambas optar pela tarifa econômica “plus”, que tem um perfil “não low cost”, a BA é mais barata. Cobra R$ 3.631 para incluir uma bagagem despachada de 23 kg e direito a reservar seu assento 24 horas antes do voo. No caso da Norwegian, o valor sobe para R$ 3.738 e acrescentar serviço de bordo e a mala de 23 kg, mas não permite escolha de assento, como informa a empresa em seu site.
Desinteresse pelo Brasil
Claro que há formas de se obter tarifas mais baixas de ambas, porém, o que se lê dessa falta de competitividade de preços é que a proposta “low cost” praticamente na prática, apenas seus incômodos. Além de pagar um valor parecido, o cliente da Norwegian terá de embarcar e desembarcar de uma aeronave com 124 passageiros a mais para compartilhar filas, banheiros e ar a bordo. De quebra, a Norwegian utiliza o distante aeroporto de Gatwick, distante cerca de 46 km do centro de Londres enquanto a BA pousa em Heathrow, na metade do caminho e com linha de metrô dentro dos terminais.
A experiência de quase um ano da Norwegian Air, uma companhia aérea agressiva mas que tem passado por inúmeras dificuldades financeiras nos últimos tempos, joga luz sobre uma questão que aflige o transporte aéreo no Brasil. Não basta apenas abrir o país para novas empresas ou estimular a abertura de filiais nacionais de grupos estrangeiros, como tem tentado o governo federal. É preciso uma legislação mais clara e objetiva para gerar menos insegurança jurídica, além de impostos menores e uma infraestrutura aeroportuária condizente com o potencial do mercado brasileiro. Sem essas condições, “low cost” só serão de baixo custo no nome.
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Eu consegui vc ops com a norwegian por 2180, hj nico bj pro BB Lena foi q eles não parcelam. Esse valor d 3 mil e pouco está equivocado.
A Norweigian tem outra empresa de baixo custo para entrar no Brasil, só não fizeram ainda por questão de registro de marca.
Cobram R$ 3.164,00 e só pode levar uma mala que caiba embaixo do assento da frente, numa viagem intercontinental de 11 horas?
A Norwegian acha que o consumidor brasileiro é o t á r i o e, por isso, colocou seus preços no mesmo patamar das companhias tradicionais. Essa taxa de 81%de ocpupação está até que bem alta pelo valor da tarifa que cobram e os serviços oferecidos. O lucro da Norwegian deve estar acima dos 2 dígitos por assento vendido.