Ao mesmo tempo em que desenvolve o Gripen NG, que já foi comprado pelas forças aéreas do Brasil e Suécia, a Saab também continua aprimorando o design da versão naval do caça, o Gripen M, apesar de ainda não ter nenhum cliente para o produto. A fabricante sueca, no entanto, está analisando possibilidades de longo prazo para o oferecer a aeronave às marinhas do Brasil e Índia.
O Gripen M é projetado a partir do Gripen NG (também chamado pela Saab de Gripen E) e a fabricante estuda meios de tornar o caça compatível com porta-aviões de decolagem curta com o auxílio de uma rampa (ski jump ou STOBAR) ou assistida por catapulta (CATOBAR).
“Temos um design totalmente certificado que foi assinado pela administração da Saab para a versão marítima do Gripen”, disse Tony Ogilvy, diretor de marketing da Saab responsável pelo Gripen M, ao Flight Global. “Está em nosso portfólio (o Gripen M), mas é apenas um projeto. Não chegamos ao próximo passo crítico, o que exige um cliente”.
Ogilvy, que é britânico, foi piloto da marinha do Reino Unido (Royal Navy) por três décadas e voou nos modelos Blackburn Buccaneer e Sea Harrier, ambos operador a partir de porta-aviões. Com toda essa experiência, o hoje diretor de marketing da Saab afirma que o projeto do Gripen M oferece um “nível de fidelidade muito alto” e que, se a fabricante obter um cliente para o produto, ele vai resultar em um bom demonstrador.
A Saab trabalha na versão naval do Gripen em parceria com duas empresas do Reino Unido: a MacTaggart Scott, que desenvolve sistemas para recolher aeronaves em porta-aviões, e a Rolls-Royce Marine, que tem experiência na fabricação de catapultas de lançamento.
“Trabalhamos com ambas as empresas em contratos separados e de curta duração para analisar formas de modelagem para melhorar as características de lançamento e recuperação (do caça naval), para nos dar o máximo nas duas direções, para que possamos decolar com carga máxima e aterrar com segurança”, afirmou Ogilvy à publicação americana.
Além de buscar um cliente de lançamento, outro desafio no projeto do Gripen M é a redução de peso. Segundo a fabricante, o modelo para operar em porta-aviões é cerca de 500 kg mais pesado que o Gripen E convencional, que de acordo com dados da fabricante pesa cerca de 8 toneladas (vazio).
“Estamos procurando formas de reduzir esse peso”, disse o diretor da Saab. “Esperamos reduzir em mais de 300 kg (o peso do Gripen M)”.
Como explicou o executivo da Saab, o peso extra no Gripen naval é decorrente do fortalecimento do centro de gravidade do caça, onde a estrutura é submetida a altas forças durante os lançamento de catapultas e o pouso travado por cabos no convés-aeródromo de um porta-aviões. Esse tipo de aeronave também requer um conjunto de trem de pouso reforçado.
Ainda assim, o Gripen, impulsionado por apenas um motor, seria mais leve do que outros jatos navais. O Dassault Rafale e o Boeing F/A-18 Super Hornet, ambos bimotores, pesam (vazios) pouco mais de 10 ton e 14,5 ton, respectivamente. Já o Lockheed Martin F-35, caça naval mais recente do mercado, pesa 14,7 t na versão B, de pouso e decolagem vertical, e 15,7 ton na variante C, desenvolvida para porta-aviões com sistema de lançamento por catapulta.
“O tamanho do Gripen é semelhante ao de um Sea Harrier”, comparou Ogilvy. “Não é muito grande ele se encaixa em todos porta-aviões em serviço atualmente. Este é um ponto muito importante, mas que as pessoas tendem a não pensar”. Com essa característica, o Gripen M poderia ser embarcado em porta-aviões sem precisar de asas dobráveis, acrescentou o diretor da fabricante sueca.
Sobre as características de operação da aeronave, Ogilvy ressaltou que o design original do Gripen foi desenvolvido para permitir o pousos e decolagens em estradas da Suécia, procedimento que, de acordo com o executivo, é semelhante a operar em porta-aviões, que exigem uma aproximação para o pouso em ângulos mais ingrimes.
“O trem de pouso (do Gripen M) é um mais mais longo e um pouco maior”, disse o diretor. “Além disso e do gancho para recuperação (no pouso em porta-aviões), é exatamente a mesma aeronave. Ele fará exatamente o mesmo trabalho (do Gripen E) em cada papel. Quando o caça não estiver no porta-aviões, ele poderá fazer parte da frota dos Gripen em terra”.
Mercados para o Gripen M
Uma vez que a Suécia não tem planos de desenvolver ou adquirir porta-aviões, os mercados com maior potencial para o Gripen M são as marinhas do Brasil e da Índia.
A Força Aérea Brasileira (FAB) já encomendou 36 caças Gripen NG (28 modelos monopostos e outros oito bipostos) e a Marinha do Brasil acompanha de perto o desenvolvimento do projeto, que é realizado na Suécia e no Brasil pela Embraer.
A marinha brasileira também busca um novo porta-aviões depois de ter aposentado o Nae São Paulo, em fevereiro de 2017, apesar de ainda não ter definido os requisitos para a embarcação. Se o plano seguir adiante, isso poderia proporcionar uma oportunidade para o Gripen M.
Na Índia, a Saab respondeu a um pedido da marinha do país para informações sobre caças navais – o país pretende comprar 57 aeronaves dessa categoria. Boeing e Dassault também apresentaram suas propostas a marinha indiana.
O país asiático já conta com um porta-aviões com ski-jump, no qual opera caças russos MiG-29K, e tem planos para adquirir uma segunda embarcação desse tipo. A longo prazo, a nação também planeja adquirir um porta-aviões mais potente e desta vez equipado com sistema de catapulta.
A Índia também manifestou interesse em obter um número não especificado de caças monomotoers para substituir a antiga frota de modelos MiG-21 e MiG-27 da força aérea. Até o momento, os candidatos para essa demanda, que ainda é apenas um estudo do país, são o Gripen E e o F-16V da Lockheed Martin.
“Não temos ilusões quanto ao desafio que enfrentamos, mas estamos muito confiantes de que nosso projeto atenda aos rigores e exigências das operações em (porta-aviões) STOBAR e CATOBAR”, finalizou o diretor de marketing da Saab.
Veja mais: Marinha do Brasil confirma compra de porta-helicópteros do Reino Unido
depender do Brasil vai ficar na pior. Ainda mais o Gripen é monoturbina e marinha que se presa prefere biturbina. o Rafale e o F/A-18 já estão em uso. só que em NAes de catapulta.
O F-35 te desmente, Antonio Carlos…
Seria bom o Brasil ter uns 12 pelo menos
Brasil não tem a mínima necessidade de ter um porta-aviões, o que dirá de um avião específico para porta-aviões. É melhor continuar investindo em submarinos, esses muito melhores para a defesa nacional.
Porta-aviões é para que faz incursão ao exterior com possibilidade de ataque rápido, o que o Brasil não faz há pelo menos uns 140 anos.
interessante sua ideia Rafael,mas,acho que nos temos que estar sempre preparados antecipadamente não em cima da hora