A antiga União Soviética projetou as maiores aeronaves de todos os tempos em diferentes segmentos. Os gigantes mais notáveis dessa época foram o Tupolev Tu-128, o maior caça da história, com 30 metros de comprimento, e o Antonov AN-225, o maior e mais pesado avião do mundo, capaz de voar com peso acima de 600 toneladas. E como não poderia ser diferente, os soviéticos também projetaram o maior helicóptero que um dia já voou, o incrível Mil V-12.
Concebido no final da década de 1960, o helicóptero gigantesco da Mil Moscow Helicopter era tão complexo e difícil de controlar, que acabou sendo cancelado. Porém, o aparelho construído em pleno calor da Guerra Fria não saiu de cena antes de esmagar uma série de recordes mundiais, alguns dos quais até hoje não foram superados – e provavelmente nunca serão.
Os estudos para elaborar o gigante foram iniciados em 1959 e um dos requisitos pedia um helicóptero com espaço interno capaz de abrigar equipamentos militares pesados, como tanques de combate e caminhões, e os enormes mísseis balísticos soviéticos. Desta forma, a aeronave teria de ser capaz de decolar transportando até 25 toneladas de carga, o que por si só já era muito mais pesado do que qualquer helicóptero que já havia voado.
Foram analisados diversos formatos e conceitos de asas rotativas, como dois rotores em tandem (um atrás do outro) ou até convencional, com rotor de cauda. Contudo, nenhuma dessas soluções se mostrou viável. Já a fórmula com dois rotores transversais contra-rotativos, algo inédito e bizarro, aparentemente funcionou.
O monstro de asas rotativas
A fabricação do Mil V-12 começou, ainda em segredo, em 1965, na fábrica da Mil em Panki, na Rússia. Dois anos depois, o “titã” foi revelado. Era um helicóptero com medidas de avião a jato. Ele tinha 37 metros de comprimento e 67 m de envergadura até a ponta das cinco pás do rotores, cada uma com cerca de 35 m de extensão.
Tal porte era comparável, por exemplo, ao de um jato comercial Boeing 737 ou Airbus A320. Mas o mais impressionante era o peso máximo de decolagem do helicóptero: 105 toneladas. A força para levantar todo esse maquinário vinha de quatro turbinas (modelos turboshaft Soloviev D-25VF), que juntas geravam 26 mil cavalos de potência.
A primeira tentativa de fazer o protótipo voar aconteceu em 27 de junho de 1967, mas não deu muito certo… Logo após deixar o solo, o aparelho apresentou problemas de oscilação nos controles e acabou guinando para um dos lados, danificando o trem de pouso. No Ocidente, o fato foi noticiado como um acidente que causou a destruição total da aeronave, o que nunca foi confirmado pelos soviéticos. No ano seguinte, o aparelho teve outra chance e completou seu primeiro voo com segurança, em 10 de julho de 1968.
Depois do primeiro voo bem sucedido, a Mil passou a realizar nos anos seguintes uma série testes a fim de aperfeiçoar o projeto, que ainda apresentava sérios problemas de estabilidade. Mesmo voando com dificuldade, o V-12 realizou diversos voos pela Europa, com direito até a apresentação no festival de aviação Le Bourget, na França, em 1971, onde despontou como uma das maiores estrelas do evento, que nunca mais recebeu algo parecido.
Em 1972, a Mil construiu o segundo protótipo com modificações que previam como poderia ser a versão de produção. Um ponto curioso foi a definição da cabine de comando dos tripulantes, dividida em dois andares. Na parte de baixo ficaram acomodados o piloto, co-piloto, engenheiro de voo e o engenheiro elétrico. Já na cabine superior, com vista ainda mais privilegiada, ficavam o operador de rádio e o navegador.
Recordes
Entre fevereiro e agosto de 1969, o Mil V-12 estabeleceu oito recordes de desempenho, todos relacionados a capacidade de carga. Quatro deles seguem “intactos” até hoje, como o voo a 2.555 metros transportando 40 toneladas, o maior volume já carregado por um helicóptero. A capacidade de passageiros também impressionava, com espaço para cerca de 200 pessoas.
Apesar do peso e dimensões fenomenais, o V-12 apresentava uma performance de helicóptero “normal”. Segundo dados do fabricante, o aparelho podia voar a velocidade máxima de 260 km/h e alcançar até 3.500 metros de altitude. Já o alcance variava de 500 km a 1.000 km, com a instalação de tanques de combustível externos.
Os engenheiros soviéticos, no entanto, nunca conseguiram solucionar o problema de falta de estabilidade da aeronave. Na época do desenvolvimento, tripulantes relatavam enormes trepidações por todo o helicóptero durante os voos, característica que inviabilizava a operação do V-12. Desta forma, o gigante de asas rotativas nunca foi aceito pela força aérea soviética.
Sem conseguir melhorar o projeto e diante de novas soluções que surgiam na indústria soviética, como o enorme cargueiro turbo-hélice Antonov AN-22 (maior avião do mundo entre 1966 e 1968), o Mil V-12 foi definitivamente cancelado em 1974, ano em que a Mil havia iniciado a construção de um terceiro protótipo, ainda mais potente e capaz.
Com o fim do projeto, os dois primeiros protótipos foram “encostados”, um no museu aeronáutico de Monino, a 50 km de Moscou, e outro da fábrica da Mil, em Panki, também próximo a capital russa. Já o terceiro, cuja principal diferença eram os rotores com seis pás, foi desmontado.
O Mil V-12 não foi adiante, mas a mania de grandeza da União Soviética foi mantida intacta. O atual maior helicóptero do mundo é russo, o Mi-26, também desenvolvido pela Mil Moscow, na década de 1970, e capaz de transportar 20 toneladas de carga, metade da capacidade do antigo gigante que nunca entrou em operação.
Veja mais: Antonov AN-225, o rei dos ares
tinha que ter coragem para voar nessa estrovenga
não era algo tao inédito tirando as turbinas teve projetos parecidos antes como o Focke-Wulf Fw 61 e o Focke-Achgelis Fa 223 o Heinrich Focke tambem venho fazer um projeto “100” nacional no cta mas a inglaterra sabotou o brasil e os eua interferiram provavelmente porque ele sabia fazer o Focke Rochen provavelmente o visto no caso Kenneth Arnold dos varios tipos de disco voadores