O C-27 é um avião relativamente pouco conhecido no mercado, a despeito de ter voado pela primeira vez há 50 anos. Sua carreira comercial também não chega a impressionar afinal na soma das duas gerações, o modelo teve pouco mais de 200 unidades produzidas. No entanto, trata-se de um avião de transporte militar dos mais interessantes.
Surgido como G.222 na década de 70, o turboélice bimotor de carga foi desenvolvido pela Aeritalia, hoje parte do grupo Leonardo. Após perder a concorrência para suprir forças aéreas europeias, a aeronave acabou adotada pela Itália, que chegou a ter 56 unidades.
No entanto, foi na década de 90 que o avião italiano ganhou holofotes ao obter um pedido de dez unidades para a Força Aérea dos EUA (USAF), que os renomeou como C-27A Spartan.
A chegada à América motivou o estabelecimento de uma parceria entre a então Alenia (sucessora da Aeritalia) e a Lockheed Martin para criar o C-27J, uma variante modernizada do G.222 que se beneficiaria justamente dos componentes do C-130J Hercules como seu cockpit de vidro, motores Rolls-Royce AE 2100 e hélices de seis pás Dowty Propeller.
Já como uma espécie de ‘mini-Hercules’, o C-27J voou pela primeira vez em 1999, mas quando entrou em serviço na Força Aérea Italiana, em 2006, a joint venture criada com os norte-americanos, havia sido extinta.
Quase um sucesso
A dissolução da sociedade não prejudicou a carreira do modelo, que obteve encomendas de países como Austrália, Bulgária, Grécia, Lituânia, Marrocos, México e Peru, entre outros.
Mas foi ao vencer uma complicada concorrência do Pentágono que o C-27J quase transformou-se num sucesso. Em 2007, os EUA anunciaram que o turboélice havia derrotado o C-295 (parceria entre a então EADS, hoje Airbus, e a Raytheon) num pedido de 78 aeronaves e que poderia ser ampliado já que ele deveria ser usado pela Força Aérea, Exército e também pela Guarda Aérea Nacional.
A carreira operacional do C-27J, no entanto, durou pouco. Entre a entrega do primeiro avião para a USAF, em 2008, até sua aposentadoria passaram-se apenas quatro anos, com 38 unidades entregues. Parte delas foi revendida pela Alenia e 14 aviões foram assumidos pela Guarda Costeira dos EUA, onde estão em serviço até hoje.
Nova geração
Após uma década agitada, o C-27J agora entra numa nova fase. A Leonardo, que assumiu a Alenia, revelou nesta semana a nova geração do turboélice, que recebeu aprimoramentos como novos aviônicos e sistemas de comunicação e navegação mais avançados.
O Spartan também conta agora com winglets nas asas para reduzir o consumo de combustível e contribuir com o desempenho em operações em pistas não preparadas, diz a empresa. Embora não tenha revelado o cliente e nem o número de unidades vendidas, a Leonardo confirmou que o novo C-27J será entregue a partir de 2021. A empresa também oferece a conversão para o novo padrão para os cerca de 85 aviões já entregues.
Bem menor que o C-390 Millennium da Embraer, o avião italiano é uma alternativa para forças aéreas que precisam de um avião de transporte versátil com capacidade para levar cerca de 12 toneladas. Apesar de seu quase anonimato, o C-27 certamente terá uma carreira ainda muito longa.
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